Pesquisadores internacionais liderados pela Universidade Monash (Austrália) descreveram pela primeira vez o que pode ter desencadeado o nascimento do Kilauea, no Havaí (EUA), considerado o vulcão mais ativo do mundo. Localizado ao longo da costa sudeste da Ilha do Havaí, o Kilauea tem uma idade estimada entre 210 mil e 280 mil anos e emergiu acima do nível do mar há aproximadamente 100 mil anos.

Em um estudo publicado na revista Nature Communications, a autora principal, drª Laura Miller, da Escola da Terra, Atmosfera e Ambiente da Universidade Monash, mostra pela primeira vez que os vulcões havaianos nasceram de magmas que evoluíram em uma câmara de magma (uma grande piscina de rocha líquida abaixo da superfície da Terra) de profundidade incomum, superior a 90 km.

Granada cristalizada

“Obtivemos alguns dos primeiros produtos vulcânicos erupcionados pelo Kilauea”, disse a drª Miller. “Exploramos a formação dessas amostras por meio de trabalho experimental, que envolveu a fusão de rochas sintéticas em altas temperaturas (de mais de 1.100˚C) e pressões (superiores a 3 gigapascais), e usando um novo método para modelar suas concentrações de elementos de terras-raras. (…) Descobrimos que as amostras só poderiam ser formadas pela cristalização e remoção (cristalização fracionada) da granada.”

Kilauea é a palavra havaiana para “vomitar” ou “muito espalhando” e refere-se ao fluxo constante de lava.

“Nosso estudo demonstra inequivocamente o papel da cristalização de granada na formação de derretimentos havaianos em estágio pré-escudo”, disse a drª Miller. “Isso desafia o ponto de vista atual de que a cristalização fracionada é apenas um processo raso e sugere que o desenvolvimento de uma câmara de magma profunda (mais de 90 km) é um estágio inicial importante no nascimento de um vulcão havaiano.”