O pelo é uma característica importante da diversidade e evolução dos primatas – incluindo humanos. Suas funções estão ligadas à termorregulação, proteção, camuflagem e sinalização. No entanto, a evolução do pelo em primatas selvagens permaneceu relativamente pouco estudada até recentemente.

Pesquisadores do Laboratório de Genômica de Primatas da Universidade George Washington (EUA) examinaram quais fatores impulsionam a variação do pelo em uma população selvagem de lêmures conhecida como sifaka (Indriidae). Especificamente, os pesquisadores tiveram como objetivo avaliar os impactos do clima, tamanho do corpo e visão de cores na evolução do pelo.

Pressões evolutivas

Em seu estudo, publicado na revista American Journal of Biological Anthropology, eles encontraram o seguinte:

1) Os sifakas, nativos de Madagascar, têm pelos mais densos em ambientes secos e abertos. Os pesquisadores acreditam que, como os primeiros humanos, o pelo dos lêmures ajuda a proteger contra os fortes raios do sol.

2) Os lêmures em regiões mais frias são mais propensos a ter pelos escuros. Esta é a primeira evidência em mamíferos de um padrão clássico na natureza chamado Regra de Bogert, que afirma que as cores escuras podem ajudar na termorregulação, pois ajudam a absorver o calor dos raios solares.

3) O pelo ruivo em lêmures está associado à visão de cores aprimorada. De acordo com os pesquisadores, as populações que podem ver uma gama maior de cores são mais propensas a ter manchas de pelo vermelho.

4) Múltiplas pressões evolutivas podem atuar em uma característica e a força de sua influência pode variar entre as espécies.

Janela única

“A evolução do pelo humano permanece um mistério, em grande parte porque o pelo não se fossiliza”, disse Elizabeth Tapanes, principal autora do artigo e pós-doutoranda na Universidade de San Diego (EUA). (Tapanes conduziu o estudo enquanto doutoranda na Universidade George Washington) “Os lêmures que estudamos exibem uma postura ereta como os humanos e vivem em uma variedade de ecossistemas como os primeiros humanos, então nossos resultados fornecem uma janela única para a evolução do pelo humano.”

Brenda Bradley, professora associada de antropologia que dirige o Laboratório de Genômica de Primatas da Universidade George Washington e é coautora do estudo, explicou que nossa compreensão da evolução do pelo e da diversidade em outros primatas nos ajuda a preencher as lacunas de nossa própria história evolutiva humana.

“A maioria das pessoas fica intrigada com a diversidade de pelos em seus próprios corpos e a variedade de tipos de cabelo entre as pessoas ao redor do mundo”, disse Bradley. “Compreender os padrões de pelo em primatas não humanos, como esses lêmures, pode fornecer um contexto comparativo para entender como a variação surgiu no pelo humano”.

Os pesquisadores observam que o trabalho futuro deve se concentrar em amostras em escalas geográficas ou filogenéticas menores (nível de família, nível de gênero) e de diversas populações não humanas e humanas.