Não se pode dizer que a 23ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP23), realizada em novembro em Bonn, na Alemanha, foi improdutiva. Os Estados Unidos sob a gestão Trump, defensores do carvão e negadores do aquecimento global, foram isolados. As diferenças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento foram controladas e os primeiros confirmaram a intenção de cumprir suas metas até 2020. O quadro, assim, parece favorecer uma conciliação maior na revisão dos planos climáticos a ser iniciada em 2018. Enquanto isso, porém, a mudança climática avança sem clemência.

E o Brasil? O país passou anos na confortável situação de detentor da maior floresta tropical do mundo, mas esse salvo-conduto não funciona mais. A taxa de desmatamento na Amazônia de fato caiu, mas atos do governo Temer, como as tentativas de decretar o fim da Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca) e de diminuir a área da Floresta Nacional do Jamanxim, mostram que a redução no corte de árvores não teve nada a ver com a vontade das autoridades. Para piorar, o Brasil ganhou um Fóssil do Dia (“homenagem” a quem dificulta as negociações no evento) pelo envio ao Congresso de uma medida provisória que propõe subsídios trilionários ao pré-sal. No balanço geral, o viés de 2018 está mais para cautela do que para otimismo.