Finalmente confirmado e agora nomeado Hippocamp, o novo satélite encontrado ao redor de Netuno é o mais jovem e menor dos 14 corpos que orbitam o planeta. Seu nome (em português Hipocampo) faz uma referência ao cavalo-marinho que puxa a carruagem de Poseidon, na mitologia grega.

Foi visto pela primeira vez em 2013, pela equipe de Mark Showalter, do Instituto SETI, na Califórnia, a partir de imagens de arquivamento do Telescópio Espacial Hubble tiradas de 2004 em diante. Foi oficialmente designado como a 14ª lua de Netuno em setembro de 2018 e só recebeu um nome oficialmente nesta quarta, ao ter sua descoberta oficializada na publicação Nature.

Hippocamp está na chamada “órbita interna” de Netuno, entre o planeta e Triton, seu maior satélite. Circulam nesse mesmo espaço outras sete luas minúsculas, que foram vistas pela sonda Voyager 2 em 1989 (mas o minúsculo Hippocamp não). Outros seis satélites maiores giram em órbitas maiores (veja ilustração).

O longo tempo decorrido entre as primeiras imagens obtidas e a confirmação de Hippocamp se explica pela necessidade de sofisticadas técnicas de imagem que permitissem estudar uma lua tão pequena. Afinal, os astrônomos analisavam um objeto não muito maior que uma cidade pequena a uma distância de 4,6 bilhões de quilômetros.

Diagrama mostra a órbita interna de Netuno com as sete luas entre o planeta e a maior delas, Triton. (Crédito: NASA, ESA, AND A. FEILD-STSCI)

A nova lua tem apenas 35 quilômetros de diâmetro e orbita a 105 mil km de Netuno e a apenas 12 mil km da próxima lua, Proteus. Isso leva a crer que o Hippocamp surgiu a partir de Proteus – a segunda maior lua em todo o sistema -, como consequência de um impacto com um cometa ocorrido há cerca de 4 bilhões de anos.

“Parado no Hippocamp, você veria Netuno em toda a sua glória, veria os anéis fracos, ao longe, na distância que você veria Tritão, e de vez em quando veria Proteus passar por este grande objeto no céu”, descreve Showalter.

Destruições e reconstruções do Hippocamp 
Conforme relatado no artigo na Nature, a equipe acredita que o Hippocamp fornece mais evidências de que as luas internas do planeta gelado foram moldadas e possivelmente formadas por uma série de impactos.

Com base na órbita perfeitamente circular de Hippocamp, eles acham que ela também pode ter sido destruída por mais impactos e, em seguida, recuada pela gravidade em torno de nove vezes desde que se formou. Cada vez que ela era ressuscitada, a gravidade de Netuno a levaria a uma órbita mais redonda e uniforme.

Acredita-se que Netuno tinha outro sistema de luas quando se formou, mas depois capturou Tritão, que na época era um corpo parecido com um planeta anão. A entrada de um objeto tão massivo no sistema causou devastação, destruindo as luas originais e formando um disco de escombros do qual emergiram as outras luas.

Hippocamp é a primeira lua a ser descoberta em torno de Netuno desde Psamathe em 2003.