A maioria das pessoas está acostumada a pensar em sucessão em casas reais como um processo hereditário, mas nem sempre esse fator foi respeitado.

No Império Romano – um Estado em que só um de cada quatro soberanos morreu de causas naturais –, por exemplo, algumas formas bizarras de sucessão foram registradas.

Richard Saller, professor de clássicos e história da Universidade Stanford (EUA), ressaltou ao site Live Science que uma das fraquezas do sistema político imperial romano era que nunca houve regras ou princípios claros para a sucessão.

O site enumerou as cinco maneiras mais, digamos, peculiares, apresentadas a seguir.

1) Escolha dos pretorianos

A Guarda Pretoriana originou-se durante a República Romana como um corpo de guarda-costas para generais do exército, e em 27 a.C. Augusto, o primeiro imperador romano, determinou que ela se encarregaria da segurança pessoal do soberano.

Depois disso, o prestígio de seus integrantes cresceu, e durante o governo do terceiro imperador, Calígula, eles conquistaram poder suficiente para derrubar um imperador.

Calígula era bisneto de Augusto e subiu ao trono em 37 d.C. Inicialmente ele tinha a simpatia do povo, mas relatos sobre seu gosto pelo sadismo e pela perversão sexual, aliados a ações brutais e ao esgarçamento das relações com a nobreza e o exército, levaram oficiais da Guarda Pretoriana a invadir o palácio imperial e matá-lo em 41 d.C.

Segundo o historiador Josefo, nessa ação os guardas encontraram Cláudio – sobrinho-neto de Augusto e tio de Calígula – escondido atrás de uma cortina.

Os pretorianos proclamaram então Cláudio imperador, e ele governou com o apoio deles até sua morte, em 54 d.C. Essa foi a primeira vez que a Guarda Pretoriana escolheu um imperador romano; outras viriam.


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2) Herança

Um desses princípios foi a herança, e o mais notável exemplo dele foi Nero, quinto imperador romano. Nero nasceu em 37 d.C., com o nome de Lúcio Domício Ahenobarbo. Sua mãe, Júlia Agripina, bisneta de Augusto, tornou-se a quarta esposa do imperador Cláudio em 49 d.C. e convenceu o novo marido a adotar o menino mais tarde naquele mesmo ano.

Cláudio morreu no ano 54 – segundo vários historiadores, envenenado por Júlia Agripina, que desejava pôr o filho no trono.

Nero e Agripina compartilharam o poder por cinco anos, até que, em 59, ele ordenou o assassinato da mãe.

De acordo com o historiador romano Tácito, a tarefa não foi simples: a primeira tentativa foi com veneno, e falhou; depois, Nero determinou que um barco no qual ela estava fosse afundado, mas ela se salvou; por fim, ele encomendou uma execução direta.

O turbulento governo de Nero não poderia terminar bem. Declarado inimigo público pelo senado e abandonado pelo exército, ele se suicidou em 68 d.C. Sem filhos que o sucedessem, Roma viveu tempos de violência enquanto vários candidatos se engalfinhavam pelo trono imperial.

3) Compra

Depois de o imperador Cômodo ser assassinado pelo líder da Guarda Pretoriana em 192 d.C., Roma entrou num período de turbulência conhecido como o “Ano dos Cinco Imperadores”. Para suceder Cômodo foi escolhido Pertinax, um senador, mas a Guarda Pretoriana decepcionou-se com a nomeação porque ele se recusou a pagá-los por um apoio contínuo. Três meses depois de empossado, Pertinax foi assassinado pelos pretorianos.

Segundo o historiador romano do século 2 Cássio Dio, depois de matarem Pertinax, os pretorianos anunciaram que venderiam o trono ao homem que pagasse o preço mais alto, e Dídio Juliano – um homem muito rico que fora governador de várias províncias – venceu esse leilão inusitado oferecendo 25 mil sestércios a cada soldado pretoriano, o que equivalia a vários anos de salário. Os pretorianos aceitaram a proposta e ameaçaram o Senado romano até que Juliano foi proclamado imperador.

A compra do trono, porém, não agradou ao povo, que se opôs ao novo soberano e numa ocasião chegou a apedrejá-lo.

Enquanto isso, três generais em diferentes províncias romanas se declararam imperadores e avançaram com seus exércitos para a capital. Juliano e a Guarda Pretoriana lutaram contra um desses generais, Septímio Severo, e inicialmente tentaram negociar um acordo de compartilhamento de poder com ele.

Posteriormente, os pretorianos e o Senado abandonaram Juliano, proclamando Severo imperador. Juliano foi executado apenas 66 dias depois de conquistar o trono.

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4) Ascensão a partir de baixo

Diversos imperadores romanos tinham origem bem humilde. Pertinax, por exemplo, era filho de um escravo liberto.

Os exemplos mais famosos citados pela Live Science são os de Diocleciano, que nasceu em uma família de baixo status na Dalmácia antes de se tornar imperador em 284 d.C., e seu coimperador Maximiano, filho de um lojista da Panônia (província que se estendia por territórios hoje ocupados por Hungria, leste da Áustria, norte da Croácia, noroeste da Sérvia, Eslovênia, oeste da Eslováquia e norte da Bósnia e Herzegovina), que governou até 305 d.C.

Os dois se conheceram no exército e formaram uma combinação poderosa, segundo o classicista Timothy Barnes em seu livro O novo império de Diocleciano e Constantino. Diocleciano tinha o talento político, enquanto Maximiano era hábil na área militar.

O segundo apoiou o primeiro como ocupante ao trono e depois de alguns anos foi nomeado coimperador. Ambos deixaram o governo em 305. Diocleciano se aposentou e foi viver em seu palácio em Aspalathos (atual Split, na Croácia). Maximiano voltou ao poder em 307 para fazer de seu filho Maxêncio imperador, e depois partiu para a corte do imperador Constantino, no Oriente; após tentar um golpe contra Constantino, ele se matou em 310.

5) Casamento ou maternidade

Assim como em outros impérios, Roma também registra diversos casos em que as mulheres eram quem exercia de fato o poder, agindo nos bastidores.

De acordo com Tácito, o poder durante o governo de Tibério, segundo imperador de Roma, estava nas mãos de sua mãe Lívia.

Tibério era filho de um casamento anterior de Lívia, que posteriormente contraiu matrimônio com o imperador Augusto. Assim, Tibério não era o herdeiro natural do trono, mas chegou lá após a morte de Augusto em 14 d.C. No caminho, Lívia mandou eliminar todos os herdeiros potenciais concorrentes.

Foi a mesma tática usada por Júlia Agripina décadas depois.