No 40º aniversário do primeiro transplante de coração bem-sucedido, o pioneiro nesse tipo de cirurgia no Reino Unido previu em entrevista ao jornal “The Sunday Telegraph” que em até três anos corações de porcos adaptados poderão ser usados nessas operações. O depoimento de Sir Terence English também foi assunto para a edição de hoje (20 de agosto) do jornal “The Guardian”.

Um passo inicial para esse objetivo será a tentativa de substituir um rim humano por um de porco, ainda este ano. “Se o resultado do xenotransplante [enxerto cirúrgico de tecido de uma espécie para outra distinta] for satisfatório com os rins suínos para seres humanos, é provável que os corações sejam usados com bons efeitos em humanos dentro de alguns anos”, disse English, de 87 anos, ao “The Sunday Telegraph”. “Se funcionar com um rim, funcionará com um coração. Isso vai transformar a questão.”

Por ter anatomia e fisiologia semelhantes à de um coração humano, o coração de porco é usado como modelo para que novos tratamentos sejam desenvolvidos. As esperanças de um tratamento bem-sucedido para ataque cardíaco tiveram um impulso em maio, após uma terapia genética se mostrar promissora em suínos.

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Uma equipe internacional de pesquisadores descobriu que inserir um fragmento de material genético chamado microRNA-199 em um coração lesionado por um ataque levou à regeneração de células. Os resultados desse trabalho foram publicados na revista “Nature”.

Danos permanentes

O infarto do miocárdio, causado pelo bloqueio súbito de uma das artérias coronárias, é o principal motivo da insuficiência cardíaca. Os sobreviventes frequentemente têm de conviver com danos estruturais permanentes no coração.

Durante a pesquisa, os cientistas inseriram o microRNA-199 em suínos após um infarto do miocárdio. Depois de um mês da intervenção, observou-se uma “recuperação quase completa” da função cardíaca.

Mas ainda existem dificuldades nessa jornada. A maioria dos porcos tratados morreu após o tratamento porque o microRNA-199 continuou a ser expresso de forma descontrolada. Apenas depois de solucionarem esse problema os cientistas testarão a terapia genética em pacientes de ataque cardíaco humanos.