Regime de Kim Jong-un já realizou quatro testes com mísseis neste ano. Analistas apontam que lançamentos fazem parte de estratégia de Pyongyang para aumentar a pressão sobre países vizinhos e conseguir concessões.A Coreia do Norte lançou dois novos mísseis balísticos ao mar nesta segunda-feira (17/01) segundo informações divulgadas por autoridades militares da Coreia do Sul. Com isso, já são quatro lançamentos de mísseis realizados por Pyongyang em 2022.

O Estado-maior das Forças Armadas sul-coreanas avalia que o regime de Kim Jong-un realizou os lançamentos com a intenção de demonstrar seu poder militar em meio ao congelamento da diplomacia do país com os Estados Unidos e com o fechamento das fronteiras em razão da pandemia de covid-19.

Segundo os sul-coreanos, dois mísseis teriam sido disparados na região de Sunan, onde se localiza o aeroporto internacional de Pyongyang, com quatro minutos de intervalo entre um e outro. Eles voaram a cerca de 380 quilômetros por hora em altitude máxima de 42 quilômetros, andes de caírem no mar, próximo à costa do nordeste norte-coreano.

Nos dias 5 e 11 de janeiro, a Coreia do Norte teria realizado testes de voos de mísseis supostamente hipersônicos, além de lançar mísseis balísticos de um trem na última sexta-feira, em uma aparente represália a novas sanções impostas ao país pelo governo do presidente americano Joe Biden.

Pyongyang vem intensificando nos últimos meses a realização de testes com mísseis potencialmente nucleares, projetados para serem manobráveis e voar em baixas altitudes. Observadores afirmam que Kim Jong-un voltou adotar sua estratégia de pressionar os países vizinhos e os EUA antes de propor negociações, para tentar extrair algumas concessões.

Esforços diplomáticos liderados por Washington em 2019 para convencer Pyongyang a abandonar seu programa nuclear fracassaram após o governo do ex-presidente Donald Trump rejeitar as exigências norte-coreanas pelo alívio das sanções, em troca do abandono parcial de suas capacidades atômicas.

Pyongyang quer fim das “políticas hostis”

Desde então, Kim vem prometendo ampliar seu arsenal nuclear, que acredita ser a maior garantia de sobrevivência do regime. Até agora, ele recusou todas as tentativas do governo de Joe Biden de retomar o diálogo sem pré-condições.

Pyongyang exige que Washington abandone aquilo que considera “políticas hostis”, em referência as sanções econômicas e aos exercícios militares conjuntos entre americanos e sul-coreanos.

O comando militar dos Estados Unidos no Indo-Pacífico disse que os mísseis norte-coreanos não representaram nenhuma ameaça, mas serviram para destacar o pacto do programa armamentista “desestabilizador” da Coreia do Norte. O governo do Japão condenou os lançamentos.

O gabinete do presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, disse que seu governo fará todos os esforços possíveis para assegurar a estabilidade na região. Além disso, Seul também reforçou a necessidade de reavivar a diplomacia nuclear com Pyongyang.

rc (AP)