O agravamento dos casos de covid-19, ao menos em parte, pode ser decorrente de um fenômeno que ainda não havia sido observado na pandemia: a ativação de um segundo vírus, que se encontra dormente no genoma humano.

De modo ainda não bem compreendido, o SARS-CoV-2 desperta o retrovírus endógeno humano da família K (Herv-K), incorporado há milhões de anos ao genoma dos primatas. O resultado é uma infecção mais grave, que pode matar mais rapidamente (Research Square, 11 de maio).

Sob a coordenação do biólogo Thiago Moreno Lopes e Souza, da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), pesquisadores do Rio de Janeiro e da China analisaram o conjunto de vírus (viroma) encontrado na secreção da traqueia de 25 pacientes com covid-19 sob ventilação mecânica. Em todos, encontraram quantidades de Herv-K pelo menos cinco vezes mais elevadas do que a observada na secreção nasal de pessoas com quadro moderado da doença. “Esses níveis de Herv-K se correlacionaram com o que se chamou de mortalidade precoce, como menos de 28 dias de internação”, contou Lopes e Souza.

Em cultivos de células humanas, o SARS-CoV-2 ativou a multiplicação do Herv-K em monócitos, um tipo de célula de defesa.

* Este artigo foi republicado do site Revista Pesquisa Fapesp sob uma licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o artigo original aqui.