Cópias de fígado, cérebro, coração e ossos poderão salvar vidas e evitar a necessidade de transplante no futuro. Muitos dos dispositivos ainda estão sendo testados, mas, dentro de algum tempo, poderão ser seguros para ser implantados. Conheça, aqui, os principais avanços obtidos pelos cientistas nessa área

O implante de cóclea – parte interna do ouvido responsável pela audição – foi desenvolvido nos anos 70. Trata-se de uma pequena prótese colocada debaixo da pele, atrás da orelha, que envia estímulos aos nervos da cóclea. O som é captado por um microfone anexado atrás da orelha, processado por um dispositivo localizado nas proximidades e enviado ao cérebro por eletrodos.

Seus inventores trabalham para aperfeiçoar o implante, incluindo a obtenção de uma aproximação entre os eletrodos e a parte da cóclea que precisa ser estimulada. Eles também querem encontrar um modo de medir a atividade do nervo da audição nas proximidades de cada eletrodo para que o dispositivo possa ser mais preciso.

FÍGADO – Cientistas trabalham em dois tipos de fígado artificial: um dispositivo externo similar a uma máquina de diálise do rim; e um “novo” fígado desenvolvido a partir de células- tronco. Nos Estados Unidos, pesquisadores utilizam células dos fígados de porcos para desintoxicar o sangue humano. Esse método pode ser usado para manter pacientes vivos enquanto aguardam o transplante. Ano passado, no Reino Unido, cientistas da Universidade de Newcastle montaram seções para estudar o desenvolvimento de fígados a partir das células tronco do cordão umbilical.

ESTÔMAGO – Ainda não há estômago artificial para humanos, contudo os cientistas do Institute for Food Research, na Noruega, já fizeram o primeiro protótipo, utilizado para pesquisas. O dispositivo consiste em uma câmara, imitando o órgão humano, que libera ácido digestivo e enzimas.

Para estudos, os cientistas “alimentam” o estômago com comida e observam como o conteúdo é digerido e absorvido. A idéia é entender melhor o processo, que pode auxiliar no planejamento de comidas e dietas.

RINS – O rim é o órgão responsável pela diálise – remoção de toxinas do sangue. Quando falha, o sangue deve ser drenado do corpo para passar por uma máquina de diálise.

Os cientistas trabalham para fazer um dispositivo compacto o suficiente para ser implantado no corpo. Pesquisadores da Universidade de Michigan trabalham em novos sistemas de filtro ao controlar precisamente o tamanho e o formato dos poros e membranas pelas quais o sangue é filtrado.

PELE – A pele artificial é usada para reparar casos de lesões sérias, como queimaduras de alto grau, em que não resta pele o suficiente para se realizar enxertos. A pele artificial consiste em uma camada flexível de silicone e uma camada interna feita de colágeno e cartilagem de tubarão – essa combinação dificilmente é rejeitada pelo organismo humano. Atualmente, pesquisadores trabalham para incluir fatores de crescimento nas peles artificiais para facilitar a cura do órgão.

CÉREBRO – Na Universidade do Sudeste da Califórnia (EUA), a equipe do professor Theodore Berger mostrou que é possível que um chip de silicone “converse” com um cérebro de mamífero.

É provável que este meio artificial possa substituir áreas danificadas por meio do implante de um microprocessador que possa receber e processar os pulsos nervosos.

Desse modo, o dispositivo poderia “reparar” os cérebros das pessoas que têm Alzheimer ou outros danos.

ÓRGÃOS feitos em laboratórios poderão ser a SOLUÇÃO para as DOENÇAS incuráveis

OLHOS – Nos Estados Unidos, o Projeto de Retina Artificial visa desenvolver um “olho biônico” – miniatura de uma câmera com um chip de computador e um pequeno implante atrás da orelha conectado a um arranjo de eletrodos anexados às células da retina. A imagem é capturada pela câmera, a informação é convertida em sinais eletrônicos que passam para eletrodos na retina, de onde viajam via nervo óptico para o cérebro. O protótipo atual tem 16 eletrodos e está em fase de testes.

SANGUE – Há décadas cientistas tentam fazer um composto que substitua o sangue. Duas maneiras que se aproximam da desejada. Uma é usar a molécula transportadora de oxigênio, hemoglobina, encontrada nas células de sangue vermelhas. A outra seria usar um composto químico que transporta oxigênio, como o perfluorocarbono. Hemoglobinas puras são difíceis de usar porque elass ocasinam complicações nos rins, a menos que sejam encapsuladas. Pesquisadores da Universidade de Sheffield dão prioridade nos estudos para a porção de hemoglobina que carrega oxigênio, chamada de porfirina.

PROTÓTIPOS de hoje ajudam a salvar a VIDA daqueles que aguardam TRANSPLANTE

PULMÃO – O “pulmão artificial” foi desenvolvido há cinco anos e consiste em um maço de fibras poliméricas finas e ocas. O sangue do paciente é desviado para fora do corpo, correndo pelas fibras, que absorvem oxigênio e retiram o dióxido de carbono. Os dispositivos ainda são ineficientes e precisam de muito sangue para funcionar.

Pesquisadores da Universidade de Pittsburgh mostraram que, se as fibras são cobertas por enzimas, o dispositivo pode ser muito mais eficiente, reduzindo a coagulação e inflamação. Pulmões artificiais, do tamanho de um CD, já são utilizados em situações de emergência.

CORAÇÃO – O primeiro implante de um coração artificial ocorreu nos Estados Unidos, em 1982, mas o paciente sobreviveu apenas por 112 dias. Hoje em dia, os corações artificiais são colocados em pacientes que aguardam transplante.

Um dispositivo do gênero pesa um quilograma, é feito de metal e plástico e funciona com baterias externas. Pesquisadores no Texas têm trabalhado no coração “sem ser à base de bateria” e que possa bombear sangue continuamente. A idéia é fazer um aparelho mais duradouro e menor.

PÂNCREAS – Pessoas com diabetes precisam checar os níveis de glicose no sangue constantemente e, quando necessário, injetar insulina. Pesquisadores trabalham no projeto de um pâncreas artificial que combine duas funções do órgão – monitorar o nível de glicose e distribuir insulina – em um dispositivo portátil. A glicose sangüínea será monitorada por um sensor na pele ou embaixo dela.

As leituras serão feitas por um microprocessador que calculará se o nível de glicose sobe ou desce. Quando certa dose de insulina é necessária, um sinal é enviado para o dispositivo para que ele entregue a quantia apropriada do hormônio. Protótipos do sistema ainda estão sendo testados.

OSSOS – Mais de dois milhões de transplantes são realizados pelo mundo todos os anos para substituir ossos danificados ou doentes. Geralmente uma porção do osso é retirada do paciente e é substituída pelo osso artificial. Trata-se de uma estrutura porosa que permite que os vasos sangüíneos e células se infiltrem e cresçam nela. Cientistas da Universidade de Illinois desenvolvem polímeros que “expelem” um tipo de cola quando danificados e, assim, podem se curar. Os estudos planejam incorporar essa propriedade ao osso artificial.