ona de um agitado litoral de cerca de 19 mil km de extensão, o Reino Unido namora há tempos a ideia de extrair energia do mar. O governo acredita que a eletricidade obtida a partir da movimentação das ondas e das marés poderia suprir 20% das necessidades do país, além de gerar 10 mil empregos. Já há empresas de ponta desenvolvendo essas novas tecnologias. Contudo, a crise econômica europeia – que também afeta a Olímpada que começa em 27 de julho – tem empurrado o setor para longe das prioridades governamentais.

Em fevereiro, uma mobilização decisiva de deputados voltou a impulsionar o setor. Os legisladores alegam que, se o governo não voltar a subsidiar tanto a energia das marés quanto a energia eólica, o Reino Unido será superado pelos países concorrentes. Em resposta, o governo instituiu um prêmio concedido pelo programa Marine Energy Array Demonstrator (Mead, traduzível como Demonstrador de Matriz de Energia Marinha): 20 milhões de libras (US$ 31,6 milhões) para os dois melhores projetos pré-comerciais de energia captada das ondas e das marés.
Os vencedores do prêmio deverão projetar as primeiras turbinas e diques capazes de funcionar em conjunto, criando uma “marematriz”: turbinas movidas pela energia cinética do movimento das ondas e turbinas para diques que acumulam maré alta e a liberam funcionando como qualquer barragem.

Uma vez analisados e testados os equipamentos, as propostas vencedoras deverão ser implantadas até 2013. Atualmente, dos oito protótipos de energia marinha em escala real testados no mundo sete estão em águas britânicas. Metade das principais empresas de tecnologia do setor está sediadas no Reino Unido.

O ministro de Energia e Mudança Climática, Greg Barker, acredita que o Mead e seu prêmio darão o impulso que faltava para a indústria atingir um novo estágio de desenvolvimento. “Isso nos permitirá dar um passo vital, capaz de nos deixar mais perto de realizar nossas ambições de geração de eletricidade a partir das ondas e marés, alimentando casas e empresas em todo o Reino Unido com eletricidade limpa e verde”, declarou no anúncio da premiação.

A iniciativa foi bem recebida pela associação que representa a indústria de energia renovável marinha e eólica, a RenewableUK. O gerente de desenvolvimento, David Krohn, foi enfático: “A indústria da energia marinha tem o potencial para nos permitir gerar eletricidade limpa usando o poder inesgotável do mar. O Mead ajudará a impulsionar a indústria.”
A pioneira empresa escocesa Pelamis, líder na tecnologia de energia das ondas, foi uma das que se inscreveram no concurso. “O prêmio proporcionará um suporte de capital vital para a indústria. Há uma verdadeira empolgação no setor conforme a tecnologia amadurece gradualmente para implementações comerciais”, disse um de seus porta-vozes.

Mas, se é bem-vindo como símbolo de uma mudança de posição do governo, há consenso de que a quantia prevista pelo prêmio é pequena para levar o setor a tornar-se competitivo. Sem subsídios, as energias renováveis patinam. Só deixam de ser deficitárias quando atingem uma economia de escala. Segundo os estudos da RenewableUK, seriam necessários 120 milhões de libras para o novo setor desenvolver-se plenamente. Segundo a Pelamis, “valores substancialmente maiores” de apoio governamental teriam de chegar às empresas nos próximos anos.