Desde o início da pandemia de covid-19, o mundo contabilizou cerca de 5,84 milhões de mortes e mais de 417 milhões de infectados. Mas, com o avanço da vacinação e depois da onda provocada pela variante ômicron, alguns países europeus já estão tratando a doença como uma endemia. E, no Brasil, não deve ser diferente; os profissionais da saúde e pesquisadores já aceitam o fato da convivência com a doença, que não será erradicada tão facilmente. 

Para especialistas como o infectologista Fernando Bellissimo Rodrigues, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, a covid-19 tende a se estabilizar, tornando-se uma endemia. Explica que, diferentemente da pandemia e da epidemia, a endemia é uma espécie de doença controlada, que se manifesta em partes ou em todo o ano na forma de surtos, como é o caso da influenza. “Endemia é a situação em que uma determinada doença segue os padrões normais, os padrões habituais, o que naturalmente varia de doença para doença”, diz o infectologista.

Covid endêmica, como a influenza

“A gente não acredita que essa epidemia possa ser erradicada como foi a do SARS-CoV-1 (SARS e MERS). O SARS-CoV-1 teve uma epidemia que terminou e a doença não se prolongou da forma endêmica”, comenta o professor Bellissimo. Como a quantidade de infectados assintomáticos é muito menor que a da covid-19, conta, foi possível isolá-los e impedir a expansão do vírus e de novas cepas.

Assim, continua o especialista, o comportamento dos surtos de SARS e MERS não deve se repetir com o novo coronavírus, já que “o número de pessoas com infecção assintomática é muito grande, daí a gente não consegue erradicar a doença; é provável que ela se torne endêmica, mais ou menos como é o vírus da influenza”.

Cuidados pós-pandemia devem se manter

Segundo Bellissimo, as precauções com relação à higiene e comportamentos que foram adquiridos durante a pandemia se manterão por muito tempo. “A gente vai ter que desenvolver uma resiliência, no sentido de aprender a conviver com o vírus, já que não é esperado que ele vá ser erradicado, e é possível, e provável, que vários dos nossos padrões de higiene e comportamento que adotamos hoje tenham que ser adotados de forma contínua por muito tempo ainda”, informa.

Quanto aos hábitos de higiene, o professor lembra que, antes da pandemia, não era tão comum encontrar uma pia ou um dispensador de álcool em gel para a higienização das mãos em restaurantes de fast food. Prática que já “não se admite hoje mais, e não se deve admitir nunca mais porque é uma questão de higiene básica que precisa ser observada”.

Confira a íntegra da entrevista do professor Fernando Bellissimo Rodrigues ao Jornal da USP no Ar acessando o link disponível na matéria original.