Há apenas oito meses, o carvão mineral era visto como vivendo seu crepúsculo: primeiro grande motor da Revolução Industrial, o carvão vinha perdendo terreno consistentemente nos últimos anos, empurrado pelo barateamento da geração por fontes mais limpas, como eólica e solar, e pelo impacto significativo de sua queima nas emissões de gases de efeito estufa causadores da mudança do clima. No entanto, hoje, o cenário não poderia ser mais diferente: preços e demanda seguem crescendo, puxados principalmente pela instabilidade no mercado global de energia.

A demanda aumentou significativamente em países que já eram consumidores vorazes do carvão, como China e Índia, e renasceu em lugares onde o combustível tinha virado um palavrão, como Estados Unidos e Europa. Os principais produtores de carvão, Austrália à frente, e gigantes do setor, como a Glencore, estão em estado de graça. O Wall Street Journal fez um panorama do “renascimento” do carvão nos principais mercados energéticos. The Atlantic e Grist também abordaram esse cenário.

A retomada do carvão afeta igualmente os países pobres, que já tinham dificuldades para pensar em uma transição rápida para fontes renováveis de energia e, agora, não querem nem pensar nessa possibilidade enquanto os preços internacionais continuarem altos como estão. O Financial Times destacou a resiliência econômica do carvão na Ásia-Pacífico, onde o combustível continua gerando quase a metade da energia consumida na região. Em todo o mundo, o carvão ainda responde por mais de 20% da energia consumida.