Como duas pequenas luas de Netuno, separadas por uma distância ínfima em termos astronômicos, orbitam o planeta sem colidir? Um estudo sobre o comportamento de Náiade e Talassa explica o enigma: elas desenvolvem um curioso “balé espacial”.

As órbitas dos dois satélites são relativamente próximas, mas a distância entre eles nunca é inferior a 5.150 quilômetros. A explicação é que Náiade, que orbita em um ritmo um pouco mais rápido, apresenta um tipo de movimento ondulado que garante que as duas luas nunca se cruzem. O padrão é sempre o mesmo: Talassa segue em linha reta, enquanto Náiade ziguezagueia ao redor, acima ou abaixo da órbita da lua irmã.

“Nós nos referimos a esse padrão de repetição como uma ressonância”, explica Marina Brozović, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. “Existem muitos tipos diferentes de ‘danças’ que planetas, luas e asteroides podem seguir, mas este nunca foi visto antes.” Brozović é a principal autora de um artigo na revista “Icarus” que descreve a descoberta (disponível em arXiv), baseada em dados de observação do Telescópio Espacial Hubble.

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Órbitas de Náiade e Talassa identificadas a partir de observações do Hubble. Crédito: Brozović et al./Icarus

Não se sabe exatamente como esse padrão único se originou, mas os pesquisadores têm algumas hipóteses. O cenário mais provável é que a interação de Náiade com outra das luas de Netuno, há muito tempo, tenha forçado o pequeno satélite a esse comportamento inusitado. “Somente mais tarde, depois que sua inclinação orbital foi estabelecida, Náiade pôde se estabelecer nessa ressonância incomum com Talassa”, afirma Brozović.