Os danos cerebrais causados pela SarS-Cov2 podem ser mais superficiais do que se pensava, afirma um novo estudo publicado na revista Cell e reportado com exclusividade pelo The Guardian.

Um dos principais indicativos da ação da Covid no cérebro é a perda de olfato, sintoma que figura entre os mais comuns nos infectados. Estudos anteriores sugeriam que o vírus chegava ao cérebro através da mucosa olfatória, que possui neurônios diretamente responsáveis pela nossa capacidade de sentir cheiros.

Porém, cientistas alemães e belgas levantaram da hipótese de que a Covid não infecta os neurônios, mas sim suas células sustentaculares, que podem ser definidas como células de suporte da mucosa olfatória.

Os resultados do novo estudo sugerem que os neurônios da mucosa olfatória são apenas desativados e não conseguem funcionar corretamente até que as células sustentaculares se regenerem, o que sugere uma diferença crítica na profundidade da infecção.

“Antes pensávamos que os neurônios olfativos podiam ser infectados, o que significava uma rota rápida para o vírus chegar até o bulbo olfatório e, consequentemente, até o cérebro”, afirmou Peter Mombaerts, que dirige a Max Planck Research Unit em Frankfurt.

Dos 30 pacientes analisados, apenas 6 apresentaram sinais do vírus na mucosa olfatória, o que torna os números “baixos demais para ter uma conclusão definitiva”, segundo Debby Van Riel, virologista da Erasmus University de Rotterdam. Apesar da cautela adotada na comunidade científica, o estudo utiliza uma técnica inédita para entender a ação do vírus desde o início da infecção, além de ser o maior do tipo já realizado em pacientes infectados com Covid-19.

Não há dúvidas de que o sistema nervoso central é afetado, mas usando essas revelações como base para mais estudos sobre a ação do vírus, especialistas esperam que os sintomas tenham uma duração menor e possam ser aliviados através de tratamentos especializadas em um futuro próximo.