Se nem a pandemia escapou da polarização política, não seria o carro elétrico que obteria esse feito. Segundo a Bloomberg, os planos de Biden de fazer com que os carros elétricos sejam 50% das vendas de veículos novos nos EUA até 2030 esbarram na resistência cultural dos estados de maioria trumpista, sobretudo em áreas rurais.

Apenas 4% dos veículos vendidos nos EUA em 2021 foram elétricos, e destes, 76% foram comercializados em estados de maioria democrata.

China e Europa já passaram dessa fase faz tempo. Em 2019, as vendas de elétricos novos eram 4% nos dois, país e região. Em 2021 foram 15% na China, e 20% na Europa, informa a BloombergNEF, que admite não ter previsto tamanha expansão.

Mas a pior notícia para a indústria fóssil pode vir do setor no qual ela mais confia para manter a estabilidade da demanda – os veículos pesados. Colin McKerracher, na Bloomberg, explica que a China, onde os caminhões livres de emissões ainda são 1% das vendas, viu o mercado de caminhões “limpos” disparar desde meados de 2021. O padrão de crescimento copia o caminho trilhado pelo ônibus elétrico, hoje 30% da frota chinesa. Enquanto isso, a Índia copia a ideia que viabilizou o carro elétrico na China – a substituição de baterias em vez da expansão de milhares de pontos de recarga. Mas para que o mercado indiano avance, gargalos tarifários e o pouco investimento em baterias ainda precisam ser equacionados, reporta o FT.

Desmobilidade

Em tempo: O melhor carro para o clima é aquele que não precisou ser fabricado. O professor Ricardo Abramovay defende no UOL a “desmobilidade”, um neologismo francês sobre evitar deslocamentos penosos. Um bom primeiro passo, segundo o texto, seria romper com a tradição política brasileira de construir habitações populares em regiões afastadas, muitas vezes destruindo áreas verdes e mananciais.