Se você se considera um bom fotógrafo ou cineasta e gosta de temas ligados à sociedade e ao meio ambiente, um concurso internacional promovido todo ano na Inglaterra desde 2007 aguarda a inscrição dos seus trabalhos. O Atkins Ciwem Environmental Photographer of the Year (habitualmente abreviado para Epoty) é aberto a amadores e profissionais de todas as idades e partes do mundo. Na edição deste ano, mais de 10 mil trabalhos participaram da disputa, provenientes de 60 países.


1 – A vencedora na categoria Fotógrafo Ambiental Jovem, “Famílias Estão Vivendo Sob a Ponte”, do indiano Bhar Dipayan. A imagem é de Kolkata (ex-Calcutá), na Índia, mas poderia ser de muitas metrópoles de países em desenvolvimento. 2 – Uma das fotos da escocesa Esme Allen para “Éden Restaurado – Os Pântanos Mesopotâmicos do Iraque”, série sobre a reocupação dos pântanos drenados pelo ditador Saddam Hussein que foi escolhida para o prêmio da Comissão Florestal da Inglaterra. 3 – “Aprecie”, de Michael Theodoric, foto vencedora do prêmio de Cena Urbana, mostra um homem observando a paisagem de Jacarta (Indonésia) a partir do seu quarto de hotel. 4 – “Tempestade na Cidade”, foto de uma gigantesca tempestade de areia no Kuwait em 2011 batida pelo filipino Rizalde Cayanan. Em certos pontos, a visibilidade foi reduzida a zero

O concurso foi concebido para, de acordo com os organizadores, possibilitar aos fotógrafos “partilhar imagens de temas sociais e ambientais com audiências internacionais e aprimorar nossa compreensão das causas, consequências e soluções para a mudança climática e a desigualdade social”. Assuntos como inovação, desenvolvimento sustentável, biodiversidade, pobreza, mudança climática, direitos humanos, cultura, desastres naturais e crescimento populacional fazem parte do leque temático dos trabalhos.

A comissão julgadora valoriza cinco itens nos trabalhos: impacto, criatividade, originalidade, composição e qualidade técnica. Segundo os organizadores, o material selecionado demonstra a ligação dinâmica entre os temas sociais e ambientais “de uma forma que faz o observador pensar diferentemente sobre o mundo ao nosso redor”.

A Ciwen (sigla de Chartered Institution of Water and Environmental Management), que organiza o concurso, é uma entidade internacional independente, sediada na Inglaterra, cuja atuação está ligada ao gerenciamento sustentável dos recursos hídricos. A patrocinadora, a consultoria Atkins, é uma das maiores do mundo nas áreas de design, engenharia e gerenciamento de projetos.


5 – “Verificação de Rede de Pesca”, cena de pescadores no litoral do Vietnã, por Hoang Long Ly. A pesca é uma das principais atividades econômicas do país. 6 – “Geleira 1987”, do britânico nascido na Nigéria Simon Norfolk, mostra a retração da Geleira Lewis, no Monte Quênia (a imagem é de 2014, e a linha flamejante mostra o limite da geleira em 1987). 7 – Em “Árvore Plástica nº 20”, de 2014, o boliviano Eduardo Leal revela uma cena do altiplano do seu país não tão rara nos dias atuais. 8 – “Floresta de Cladônia”, do americano Matthew Cicanese, exemplo dos desconhecidos microrganismos que habitam o solo da floresta.
 

Repercussão ampliada

A passagem do tempo tem ampliado o alcance do concurso. Em 2014, publicações de diferentes países, como os jornais ingleses The Guardian, The Telegraph, The Times e Sunday Times, o espanhol El Pais, o francês Le Monde e o belga La Libre abriram um bom espaço em suas páginas para abordar o certame, destacando a sua realização e divulgando as fotos premiadas.

São quatro as categorias principais: fotógrafo ambiental do ano, fotógrafo ambiental jovem (25 anos ou menos), filme e cena urbana. Os valores em dinheiro concedidos aos premiados variam de £ 1.000 (cerca de R$ 5 mil), para melhor filme ambiental, melhor foto de fotógrafo ambiental jovem e melhor foto de cena urbana, a £ 5.000 (cerca de R$ 25 mil), para o fotógrafo ambiental do ano.


9 – A família de “Vida na Enchente da Maré 3”, cena flagrada por Jashim Salam em Chittagong (Bangladesh) em 2014, aguarda em sua sala que a maré recue. Nos últimos anos, as marés têm avançado sobre cidades de Bangladesh, um fenômeno associado ao aquecimento global. 10 – Em “Salão de Beleza”, de 2014, o romeno Petrut Calinescu mostra o empreendimento sobre palafitas na favela de Makoko, em Lagos, maior cidade da Nigéria. 11 – O personagem de “Coleta de Caranguejos”, do bengali Kazi Riasat Alve, era dono de uma extensa área cultivável inundada pelo ciclone Aila, em 2009. Com as terras inutilizadas para a agricultura, ele passou a sustentar a família apanhando caranguejos e vendendo-os no mercado local. 12 – Em “O Vilarejo Abandonado de Geamana”, foto batida na Romênia em 2014 pelo britânico Glyn Thomas, a torre da igreja é um dos últimos vestígios da aldeia, evacuada e inundada a fim de formar uma lagoa de rejeitos recebidos de uma mina de cobre próxima. Quatrocentas famílias tiveram de sair do local, hoje coberto por lodo tóxico

Além dessas categorias, um fotógrafo recebe como prêmio uma mostra específica do seu trabalho, concedida pela Forestry Comission England, órgão do governo inglês que administra as florestas e bosques do país e apoia a premiação. A exibição é realizada em uma das florestas públicas da Inglaterra.

Três dias antes da divulgação dos trabalhos escolhidos, em 25 de junho, 111 das fotos recebidas foram selecionadas para uma mostra de quase um mês de duração na Royal Geographical Society, em Londres. A exibição seguiu depois para florestas públicas inglesas, a começar por Grizedale (onde fica até 7 de setembro), numa turnê educativa que será encerrada em março de 2016. A seleção das fotos finalistas aqui apresentada por PLANETA busca servir como amostra dessa rica coletânea de imagens emblemáticas dos desafios socioambientais do nosso tempo.