Dados recém-divulgados da sonda Juno mostram uma grande quantidade de água em Júpiter, maior planeta do Sistema Solar. Liderado pelo astrônomo Cheng Li, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, o estudo determinou que 0,25% das moléculas na atmosfera do planeta são água.

Pode parecer pouco, mas isso é três vezes mais que o valor encontrado no Sol, por exemplo. O resultado é fundamental para que possamos entender as origens da água nos planetas do Sistema Solar e como essa água é transportada de um lugar para outro.

Júpiter foi bombardeado por pequenos corpos celestes com diferentes quantidades de água em sua infância ou talvez tenha capturado uma grande quantidade de gelo do material ao seu redor enquanto se formava?

O resultado é particularmente surpreendente porque contrasta com o que vimos antes. Em 1998, a sonda Galileu mostrou uma abundância menor do que a solar ao realizar a mesma medição.

Júpiter Hubble
Nova imagem de Júpiter feita pelo telescópio Hubble / Foto: Nasa

No entanto, os cientistas observaram que o satélite registrava quantidades crescentes de água ao entrar na atmosfera de Júpiter, sem um resultado conclusivo antes de perder o contato permanente com a espaçonave.

Juno, por outro lado, possui um detector de microondas e pode fazer medições da órbita de Júpiter. Com um dispositivo particularmente sensível, os cientistas foram capazes de medir a atmosfera em profundidades ainda maiores que a Galileu e, em seguida, detectaram a grande quantidade de moléculas de água.

O resultado é surpreendente porque mostra que a atmosfera de Júpiter não é homogênea. O líder da missão, Scott Bolton, resume a surpresa: “Justamente quando pensávamos que entendemos tudo, Júpiter nos lembra que ainda temos muito a aprender. A descoberta de que a atmosfera não é homogênea, mesmo abaixo do topo das nuvens, é um quebra-cabeças que ainda estamos tentando resolver”.

Vale lembrar que as medições foram feitas próximas ao equador do planeta. Como os dados mostram que os gases atmosféricos não estão bem misturados, o próximo passo será levar a sonda para as regiões mais próximas dos pólos e repetir as medições, para verificar se a quantidade de água também depende da latitude.