Usando os telescópios Subaru, Keck e Gemini – alguns dos maiores construídos na superfície terrestre –, uma equipe internacional de astrônomos descobriu uma coleção de 12 galáxias que já existiam cerca de 13 bilhões de anos atrás. Esse é o protoaglomerado (sistema denso de dezenas de galáxias no início do universo, crescendo em um aglomerado) mais antigo já encontrado. O estudo a seu respeito foi publicado na segunda-feira (30 de setembro) na revista “The Astrophysical Journal”.

Essa descoberta sugere que grandes estruturas como protoaglomerados já existiam quando o universo tinha apenas 800 milhões de anos, 6% da sua idade atual.

No universo atual, os aglomerados de galáxias são muito maiores e podem conter centenas de integrantes. Mas sua formação é uma das grandes questões da astronomia. Para entendê-la, os astrônomos buscam possíveis progenitores no universo antigo.

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“Um protoaglomerado é um sistema raro e especial, com uma densidade extremamente alta e difícil de encontrar”, explica Yuichi Harikane, do Observatório Astronômico Nacional do Japão, que liderou a equipe de astrônomos. “Para superar esse problema, usamos o amplo campo de visão do telescópio Subaru a fim de mapear uma grande área do céu e procurar protoaglomerados.”

Concentração maior

No mapa do universo feito pelo telescópio Subaru, a equipe descobriu um candidato a protoaglomerado, z66OD, onde as galáxias estão 15 vezes mais concentradas do que o normal naquela época. A equipe então conduziu observações espectroscópicas de acompanhamento usando o Observatório W.M. Keck e o telescópio Gemini North, e confirmou 12 galáxias que existiam há 13,0 bilhões de anos, constituindo o primeiro protoaglomerado conhecido até hoje.

Curiosamente, uma das 12 galáxias do z66OD era um objeto gigante com um enorme corpo de gás, conhecido como Himiko, encontrado pelo Telescópio Subaru em 2009. O nome homenageia uma rainha mitológica do Japão antigo.

“É razoável encontrar um protoaglomerado perto de um objeto maciço, como Himiko”, disse , membro da equipe do Observatório Astronômico Nacional do Japão e da Universidade de Tóquio, que descobriu Himiko em 2009 e integra a equipe atual. “No entanto, ficamos surpresos ao ver que Himiko não estava localizado no centro do protoaglomerado, mas no limite de 500 milhões de anos-luz de distância do centro.” Ironicamente, também se diz que a rainha Himiko viveu enclausurada, longe de seu povo.

Ouchi prossegue: “Ainda não se sabe por que o Himiko não está localizado no centro. Esses resultados serão fundamentais para entender a relação entre aglomerados e galáxias massivas.”