Pesquisadores da Universidade de Otago (Nova Zelândia) descobriram uma nova função para o hormônio prolactina. Ele limita o investimento de uma nova mãe em comportamento agressivo e, em vez disso, leva-as a concentrar-se na interação com seus bebês. O estudo foi publicado na revista PNAS.

Segundo a drª Rosemary Brown, do Departamento de Fisiologia da Universidade de Otago, uma das mudanças comportamentais que ocorrem em todas as mães entre os mamíferos é um aumento no comportamento protetor para que as mães possam proteger seus bebês do perigo ou de uma ameaça percebida.

“As mães estão preparadas para assumir riscos significativos a fim de proteger agressivamente seus bebês”, disse ela. “Apesar de esse comportamento de proteção ocorrer em tantas espécies diferentes durante a maternidade, não sabíamos como ele é regulado.”

Produção de leite

Pesquisadores dos laboratórios da drª Brown e do professor Dave Grattan começaram a tentar entender como os hormônios podem mudar esse comportamento nas mães.

Os pesquisadores já haviam observado que a prolactina poderia agir em células em uma área do cérebro chamada núcleo hipotalâmico ventromedial, uma região conhecida por regular o comportamento agressivo em homens e mulheres, observou Brown.

“A prolactina é muito alta durante a gravidez e a lactação. Por isso, inicialmente pensamos que prolactina poderia induzir esse comportamento protetor materno. Na realidade, o que revelamos foi um papel desse hormônio em restringir o comportamento agressivo. Assim, as mães não ficam muito distraídas pelas coisas acontecendo ao redor delas e podem se concentrar mais em cuidar da sua prole”, disse ela.

O hormônio é produzido pela glândula hipófise, que fica na parte inferior do cérebro e que tem como uma de suas principais responsabilidades a produção de leite.

Mais controle e foco

“A prolactina pode alterar muitos outros processos biológicos, mas um papel no comportamento protetor era desconhecido”, disse Brown. “Embora o comportamento protetor seja importante, ele tem um custo, pois a mãe pode arriscar sua própria saúde e gastar muito tempo e energia lidando com ameaças percebidas. (…) A prolactina limita o investimento em comportamento protetor desnecessário e promove o investimento na interação com bebês. Ela ainda protegerá seus bebês, mas fará isso de uma maneira muito mais controlada e focada.”

A maneira como o cérebro se adapta à maternidade é muito semelhante em mamíferos. Então, os pesquisadores usaram um modelo animal e novas ferramentas de neurociência para impedir que a prolactina agisse em suas células-alvo apenas nessa região do cérebro adulto.

“Descobrimos que as células ativas durante o comportamento protetor são capazes de responder à prolactina e a prolactina atua poderosamente nessas células para restringir a quantidade de comportamento agressivo e protetor mostrado pelas mães”, afirmou Brown.

De acordo com a pesquisadora drª Teodora Georgescu, do Departamento de Anatomia da Universidade de Otago e primeira autora do estudo, a descoberta é significativa. “Esses estudos são realmente importantes para nos permitir entender como o comportamento e o humor são regulados nas mães. Até uma em cada cinco novas mães lutam com algum tipo de transtorno de humor. Nossa esperança é que, ao entender quando e como os hormônios estão mudando o comportamento das mães, no futuro possamos desenvolver novas formas eficazes de ajudar essas mulheres”, disse ela.