Trabalhando em obras associadas à HS2, nova ferrovia de alta velocidade da Inglaterra, uma equipe de 50 arqueólogos encontrou um grande cemitério da era romana com cerca de 425 restos enterrados em Fleet Marston, perto de Aylesbury (condado de Buckinghamshire), no sudeste da Inglaterra. Entre os restos havia esqueletos decapitados cujas cabeças foram colocadas entre as pernas. A informação foi divulgada no último sábado (5 de fevereiro).

Crânio entre as pernas de um dos esqueletos: poderia tratar-se de uma prática funerária normal na época. Crédito: HS2

O cemitério foi desenterrado pela empresa de empreiteira arqueológica comercial Copa JV. O sítio vinha sendo escavado por mais de um ano, e já se descobriram ali partes de uma cidade antiga situada ao longo de uma importante estrada romana. Partes da estrada foram alargadas e podem ter sido usadas como mercado, com espaço adicional para carrinhos e barracas.

Secador de milho construído em pedra ou forno de malte: evidência de fabricação de cerveja. Crédito: HS2

A equipe descobriu uma série de recintos que provavelmente continham estruturas domésticas desenvolvidas em um plano semelhante a uma escada em ambos os lados de uma importante estrada romana, que ligava a antiga capital romana, Verulamium (atual St Albans), a Corinium Dobunnorum (agora Cirencester). Os arqueólogos também desenterraram itens como mais de 1.200 moedas e pesos de chumbo, artefatos domésticos de metal (incluindo colheres, alfinetes e broches) e artefatos usados ​​para oração ou lazer (incluindo dados de jogo e sinos). Um secador de milho construído em pedra ou forno de malte indica a possibilidade de fabricação de cerveja ali.

Fragmentos de cerâmica de alta qualidade encontrados no sítio. Crédito: HS2

Núcleo importante

As descobertas indicam que a cidade provavelmente incluía atividade comercial e industrial e pode ter sido uma parada importante ao longo da estrada. O número de sepulturas no cemitério próximo sugere que houve um afluxo populacional para a cidade durante o período romano tardio, possivelmente devido ao aumento da atividade agrícola.

Sino encontrado provavelmente era usado em rituais. Crédito: HS2

Os locais de sepultamento revelaram principalmente esqueletos, enquanto alguns indicavam cremação. Havia duas áreas separadas de sepultamento, o que poderia indicar grupos ou tribos separadas. Mas a descoberta mais incomum foi que cerca de 10% dos esqueletos foram decapitados, em muitos casos com as cabeças cortadas enterradas entre as pernas.

Dado de chumbo encontrado: pista de que ocorriam jogos no local. Crédito: HS2

As cabeças decepadas podem ter pertencido a criminosos ou párias, de acordo com os arqueólogos. Mas também poderia tratar-se de um rito de enterro normal, já que outras escavações do período romano tardio também revelaram um pequeno número de corpos decapitados.

“A escavação é significativa tanto para permitir uma caracterização clara desta cidade romana, mas também um estudo de muitos de seus habitantes”, disse Richard Brown, gerente sênior de Projetos da Copa. “Juntamente com vários novos locais de assentamentos romanos descobertos durante as obras do HS2, ele aprimora e preenche o mapa do [condado de] Buckinghamshire Romano”, disse ele.