Depois de muito mistério, o Inpe divulgou nesta quinta-feira (18/11) os números consolidados do sistema Prodes sobre o desmatamento na Amazônia no período de agosto de 2020 a julho de 2021. Os dados são de cair o queixo: o desmatamento registrado nesse período atingiu 13.235 km2, um aumento de 22% em relação aos 12 meses anteriores (10.851 km2 entre agosto de 2019 e julho de 2020).

Essa é a maior taxa anual de desmatamento desde 2006, quando a Amazônia perdeu 14.286 km2 de vegetação. O número também consolida uma tendência específica do governo Bolsonaro: nos três primeiros anos de gestão, a taxa de desmatamento consolidada pelo Prodes ficou acima dos 10 mil km2.

De acordo com o Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial (SindCT), os dados do Prodes estavam prontos desde o mês passado, mas só foram divulgados pelo Inpe depois da COP26. No passado, quando o desmatamento estava em baixa, o governo brasileiro costumava lançar essas informações durante as Conferências do Clima para jogar confete na própria cabeça e celebrar o sucesso de sua política ambiental. Agora, com o desmatamento em alta, o risco era de que o Brasil recebesse algumas pedradas na cabeça em Glasgow, como bem colocou o general-vice Mourão antes da COP. O Globo e o UOL comentaram a carta do SindCT e destacaram que o ministro Joaquim Leite já devia ter visto o número e, provavelmente, mentiu quando falou à COP que o desconhecia.

Em tempo: A mãozinha do agronegócio por trás do negacionismo climático no Brasil. Juliana Gragnani, da BBC, escreveu um artigo importante registrando as associações do agronegócio e as universidades que pagam pelas palestras de dois negacionistas climáticos que ainda pregam que as mudanças climáticas não existem e que não existe consenso científico quanto à sua origem.