Para um país desenvolvido que aprendeu a lidar com os percalços da natureza, a tragédia causada pelas chuvas que caíram entre o fim de junho e a primeira metade de julho no sudoeste do Japão soa ainda mais assustadora. A soma de uma área de baixa pressão estacionada sobre o país e a passagem do tufão Prapiroon foi responsável pelas volumosas precipitações. Em muitas áreas, a chuva se prolongou por dez dias seguidos, com acumulados acima de 1.000 milímetros – na ilha de Shikoku, o índice chegou a 1.852,5 milímetros.

Alguns municípios tiveram precipitações concentradas inéditas: Mount Ontake recebeu 655,5 milímetros em três dias; Motoyama, 584 milímetros em dois dias; e uma cidadezinha na província de Kochi registrou 263 milímetros em apenas duas horas. Até 20 de julho, as chuvas e os consequentes deslizamentos de terra e inundações haviam causado a morte de pelo menos 225 pessoas e ferimentos em centenas de moradores. Contavam-se ainda 13 desaparecidos. As autoridades haviam recomendado que mais de 8 milhões de pessoas deixassem suas casas. As piores precipitações no Japão desde 1982 se encaixam tristemente no perfil de eventos extremos delineado pelos estudiosos do aquecimento global.