Pesquisadores liderados pela Universidade de Portsmouth (Reino Unido) descobriram mais de mil dentes de dinossauro que provam incontestavelmente que o espinossauro – o predador gigante que ficou famoso pelo filme Jurassic Park III e também pelo documentário da BBC Planet Dinosaur – era um enorme monstro fluvial. Seu estudo foi apresentado na revista “Cretaceous Research”.

O trabalho britânico afirma com total certeza que o Spinosaurus aegyptiacus, um monstro de 15 metros de comprimento e seis toneladas, foi de fato a criatura mais comumente encontrada na bacia do rio Kem Kem, que fluía pelo deserto do Saara há 100 milhões de anos.

Até recentemente, acreditava-se que os dinossauros viviam exclusivamente em terra. No entanto, uma pesquisa publicada no início deste ano mostrou que o espinossauro estava bem adaptado a um estilo de vida aquático, devido à sua cauda recém-descoberta. Os 1.200 dentes encontrados na mesma região apoiam ainda mais essa teoria.

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Incrível abundância

Cientistas da Universidade de Portsmouth e da Universidade Hassan II (Marrocos) coletaram os restos fossilizados de um antigo leito de rio no Marrocos. Depois de analisarem todos eles, descobriram que havia uma abundância de dentes do espinossauro, que são distintos e facilmente identificáveis.

“O grande número de dentes que coletamos nos leitos dos rios pré-históricos revela que o espinossauro estava lá em grande número, respondendo por 45% do total de restos dentários”, disse David Martill, professor de Paleobiologia da Universidade de Portsmouth e autor correspondente do estudo. “Não conhecemos nenhum outro local onde tal massa de dentes de dinossauro tenha sido encontrada em rochas portadoras de ossos.”

Martill acrescentou: “A enorme abundância de dentes do espinossauro, em relação a outros dinossauros, é um reflexo de seu estilo de vida aquático. Um animal que vive grande parte de sua vida na água tem muito mais probabilidade de contribuir com dentes para o depósito do rio do que aqueles dinossauros que talvez apenas visitam o rio para beber e se alimentar ao longo de suas margens. A partir desta pesquisa, podemos confirmar esse local como o lugar onde esse gigantesco dinossauro não só viveu, mas também morreu. Os resultados são totalmente consistentes com a ideia de um verdadeiro habitante aquático, um ‘monstro do rio’”.

Superfície distinta

Thomas Beevor, aluno de mestrado em paleontologia na Universidade de Portsmouth e coautor do estudo, disse: “Os leitos da bacia do rio Kem Kem são uma fonte incrível de restos de espinossauro. Eles também preservam os restos de muitas outras criaturas do Cretáceo, incluindo peixes-serra, celacantos, crocodilos, répteis voadores e outros dinossauros que vivem em terra. Com uma abundância de dentes de espinossauro, é altamente provável que esse animal vivesse principalmente dentro do rio, em vez de ao longo de suas margens”.

Aaron Quigley, também aluno de mestrado em paleontologia na Universidade de Portsmouth e coautor do estudo, explicou o processo de classificação entre os dentes: “Depois de prepararmos todos os fósseis, avaliamos um de cada vez. Os dentes do espinossauro têm uma superfície distinta. Eles têm uma seção transversal lisa e arredondada que cintila quando segurada contra a luz. Classificamos todos os 1.200 dentes em espécies e então literalmente contamos todos eles. Quarenta e cinco por cento de nossa descoberta total eram dentes de espinossauro”.