Um estudo de cientistas britânicos e dinamarqueses publicado ontem na revista “Nature” revelou que as evidências genéticas presentes em dois dentes de leite humanos de 31 mil anos encontrados em um sítio próximo ao rio Iana, na Sibéria oriental, indicam a existência de um povo até então desconhecido. Os pesquisadores denominaram o grupo de “antigos siberianos do norte”.

Os dentes foram achados em meio a mais de 2.500 artefatos como ossos de animais e marfim. Segundo os cientistas, das universidades de Cambridge (Inglaterra) e Copenhague (Dinamarca), o sítio estudado abrigava cerca de 40 pessoas desse povo, e a área ampliada deveria ter mais uns 500 indivíduos. Sua sobrevivência estava ligada à caça de mamutes, bisões e rinocerontes-lanudos.

A análise do DNA dos dentes revelou que esse povo tem uma relação bem próxima com os povos nativos americanos. Os pesquisadores consideram que em certo momento o grupo habitou grandes regiões do hemisfério norte e é um “elo perdido” entre as populações europeias e os primeiros povos do Canadá e dos Estados Unidos.

“(Os integrantes desse povo) se adaptavam a ambientes extremos muito rapidamente e eram altamente móveis”, explica o geneticista Martin Sikora, um dos autores do estudo. “Essas descobertas mudaram muito o que pensávamos saber sobre a história da população do nordeste da Sibéria, e também o que conhecemos sobre a história da migração humana como um todo”, afirma.