A proteção do meio ambiente, em sentido amplo, é a única forma de garantirmos a sobrevivência da espécie humana para o futuro. A necessidade de expandirmos a preservação dos recursos naturais está diretamente relacionada à nossa qualidade de vida e ao desenvolvimento econômico sustentável.

Os problemas ambientais já vêm trazendo consequências severas para a sociedade em várias escalas. A realidade vivenciada em muitos municípios brasileiros traduz o nível mais primário dos desafios ambientais e sociais. Boa parte das cidades do país apresenta problemas para acesso à água com a qualidade e na quantidade necessárias ao abastecimento humano; há falta de saneamento básico, com esgoto não tratado e a céu aberto, o que traz sérias consequências para a saúde pública.

Segundo dados do Instituto Trata Brasil, aproximadamente 35 milhões de brasileiros não têm acesso ao abastecimento de água e quase 100 milhões não têm acesso à coleta de esgoto. Os dados apontam ainda que somente 46% do volume de esgoto gerado no Brasil é tratado. Também há uma grande quantidade de lixo produzido que não recebe a destinação adequada, sendo depositado em lixões irregulares, foco de doenças para a população na área de entorno.

É necessário, de forma urgente, o respeito à legislação ambiental, assim como investimentos nos órgãos de fiscalização. De forma geral, a legislação ambiental brasileira é capaz de garantir a preservação de parte significativa do nosso patrimônio natural. Entretanto, faltam recursos materiais, de pessoal, assim como vontade política para uma atuação efetiva das instituições ambientais em todos os níveis.

Rapidez com qualidade técnica

Investir na estrutura dos órgãos ambientais, além de contribuir para a preservação, também amplia a eficiência dos processos de licenciamento ambiental, impactando positivamente no desenvolvimento econômico. Concordo que os processos devam ser céleres, mas sem atropelar a qualidade técnica das avaliações. Neste sentido, ao investir em uma estrutura mais robusta dos órgãos ambientais, sejam municipais, estaduais, ou federais, o Estado estaria não só protegendo os interesses da sociedade no longo prazo e propiciando um ambiente mais saudável, como estaria igualmente atendendo a interesses econômicos e sociais imediatos, através da finalização rápida e eficiente de processos de licenciamento de novos empreendimentos.

Mas além das responsabilidades de nível governamental, também é necessário olharmos para as ações individuais. É preciso reavaliar a forma como consumimos. A Terra não é capaz de sustentar os padrões de consumo que temos hoje. Devemos fazer o uso mais responsável dos recursos: comprar só quando necessário; usar até o limite da durabilidade; e, se possível, consertar para prolongar o uso. Devemos priorizar o consumo de produtos da economia local, impulsionando o desenvolvimento regional e beneficiando a população de onde vivemos. Por que não escolher produtos com embalagens mais amigáveis ao ambiente, e que possam ser descartados com menor custo ambiental? São todas decisões em escala individual, mas a mudança do mundo e a sobrevivência da humanidade passa pela mudança dos indivíduos; de cada um, e de todos.

 

* Nelson Fontoura é diretor do Instituto do Meio Ambiente da PUCRS.