Cientistas chilenos encontraram fósseis do “dragão voador”, um dos primeiros pterossauros, em Cerritos Bayos, no deserto do Atacama (norte do Chile). Trata-se do primeiro conjunto de fósseis desse tipo a ser descoberto no hemisfério sul. O animal, que viveu cerca de 160 milhões de anos atrás, no período Jurássico, tinha uma cauda longa e pontiaguda, asas e dentes pontiagudos proeminentes. A envergadura das asas podia chegar a dois metros.

O estudo sobre a novidade foi publicado na revista Acta Palaeontologica Polonica.

Os ossos foram descobertos por Osvaldo Rojas, diretor do Museu de História Natural e Cultura do Deserto de Atacama. Análises revelaram que se tratava de um pterossauro perto da idade adulta, da subfamília Ramphorhynchinae. Foram encontrados o úmero esquerdo, uma possível vértebra dorsal e dois fragmentos de uma falange de asa, todos bem preservados.

Migração de espécies

Fósseis da mesma espécie haviam sido achados apenas no hemisfério norte, sobretudo na Europa. A descoberta chilena sugere uma migração de espécies entre as Américas do Norte e do Sul, possivelmente relacionada à existência na época do supercontinente Gondwana. “Isso mostra que a distribuição de animais nesse grupo era mais ampla do que se conhecia até agora”, disse Jhonatan Alarcón, cientista da Rede Paleontológica da Universidade do Chile que liderou a investigação, à agência de notícias Reuters.

“Também há pterossauros desse grupo em Cuba, que parecem ter sido animais costeiros. Então, eles provavelmente migraram para o norte-sul ou talvez tenham vindo uma vez e ficaram, não sabemos”, afirmou Alarcón.

A região de Cerritos Bayos (a 30 quilômetros da cidade de Calama) se tornou um ponto importante para descobertas de fósseis. A Universidade do Chile observou que a mesma equipe da instituição responsável pelo estudo agora divulgado descobriu ali em 2020 plesiossauros dos gêneros Muraenosaurus e Vinialesaurus e os primeiros fósseis de pliossauros (parentes dos plesiossauros com crânios grandes e pescoço curto).