Uma equipe de cientistas poloneses, peruanos e americanos liderada pela bioarqueóloga Dagmara Socha, da Universidade de Varsóvia (Polônia), encontrou evidências que sugerem que crianças incas selecionadas para sacrifício recebiam drogas para mantê-las calmas antes de suas mortes. Suas descobertas foram apresentadas em artigo publicado na revista Journal of Archaeological Science.

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Os pesquisadores detectaram traços de harmina e harmalina nos cabelos e unhas de duas crianças incas (com idades entre 6 e 7 anos) sacrificadas há cerca de 500 anos e enterradas no monte Ampato, no Peru. A presença desses produtos químicos nos restos mortais das crianças sugere que elas podem ter ingerido líquido extraído do cipó Banisteriopsis caapi (presente na ayahuasca) nos dias ou semanas antes de suas mortes, explicou Socha.

Testes dos efeitos da harmina em roedores sugerem que ela pode funcionar como um antidepressivo. Assim, uma bebida feita com Banisteriopsis caapi pode ter sido dada às crianças para acalmar seus nervos enquanto viajavam de suas casas para Cusco, a capital inca, para cerimônias oficiais, e depois para o monte Ampato, disse Socha

Costume comum

Os pesquisadores observaram no estudo que não encontraram evidências de DMT, outro ingrediente importante da ayahuasca. Não ficou claro se sua ausência era intencional ou apenas um acidente. Independentemente disso, sua ausência significava que as drogas dadas às crianças não teriam resultado em alucinações. Elas simplesmente acalmariam os pequenos, tornando as coisas mais fáceis para aqueles encarregados de sacrificá-los.

O sacrifício humano, denominado capacocha, era um costume comum na sociedade inca. Os sacerdotes o praticavam como um meio de controlar a população. Cerimônias envolvendo sacrifícios eram normalmente realizadas para celebrar Grandes eventos, como o nascimento de um filho real ou uma vitória em uma batalha, eram motivos para a realização de cerimônias envolvendo sacrifícios. Os selecionados para sacrifícios eram em geral mulheres jovens e crianças.


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Segundo os pesquisadores, as crianças saberiam o que iria acontecer com elas com semanas de antecedência; e havia a possibilidade de elas não concordarem voluntariamente com um sacrifício. As drogas eram administradas para acalmá-las e fazer com que elas se dirigissem à morte sem insubordinar-se.