Goma, cidade congolesa atingida pelo vírus ebola, é centro regional próximo às fronteiras com Ruanda, Uganda e Burundi

 

O vírus ebola chegou a Goma, metrópole no leste da República Democrática do Congo (RDC) que possui cerca de 2 milhões de habitantes e é um centro de transportes na África Central, de acordo com o jornal “The Guardian”. É a primeira vez que isso acontece desde que a epidemia da doença começou em terras congolesas, há quase um ano.

Goma fica perto da fronteira da RDC com Ruanda e Uganda e relativamente próximo de um quarto país, Burundi.

Segundo o Ministério da Saúde da RDC informou ontem, um homem que havia chegado de ônibus à cidade naquele dia foi rapidamente levado para um centro de tratamento para ebola. Todos os passageiros do veículo usado pelo homem a partir de sua saída de Butembo, uma das cidades mais atingidas pela doença, foram rastreados.

 

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O homem é um pastor de 46 anos que adoeceu na terça-feira em Butembo e procurou tratamento em um centro de saúde registrado. Mesmo sendo tratado, ele decidiu procurar atendimento em Goma, a 18 horas de viagem, aonde chegou mostrando sintomas do ebola.

As autoridades acrescentaram que, antes de ir para Goma, o pastor comandou cultos regulares em sete igrejas, durante as quais suas mãos estiveram em contato com fiéis, incluindo pessoas doentes.

 

Contato interpessoal

“Por causa da velocidade com que o paciente foi identificado e isolado, e da identificação de todos os outros passageiros de ônibus vindos de Butembo, o risco de (a doença) se espalhar no resto da cidade de Goma é pequeno”, informou o Ministério da Saúde.

O ebola já fez mais de 1.600 vítimas fatais na RDC e duas que cruzaram a fronteira para voltar a Uganda, seu país de origem. Há cerca de 700 pessoas em tratamento por infecções decorrentes do vírus. As mais recentes estatísticas oficiais listam um total de 2.489 casos, dos quais 2.395 estão confirmados. Doze novos casos foram confirmados no fim de semana e houve 10 mortes.

Além de ser uma região populosa e de ter fronteiras com outros países, o leste da RDC possui outras características que ampliam o risco de a doença se disseminar. A área abriga diversos grupos armados, como os milicianos Mai Mai, que atuam perto das cidades mais atingidas. Por causa disso, as equipes de saúde não conseguem entrar nas áreas dominadas por essas facções para vacinar as pessoas que correm risco de infecção e isolar os pacientes doentes.

Há também violência por parte de moradores que querem impedir que seus entes queridos sejam levados para centros de tratamento ou enterrados segundo as diretrizes dedicadas a reduzir a transmissão do ebola.

 

Vacina

Uma vacina experimental contra a doença já foi produzida e por enquanto obtém resultados positivos, mas muitos congoleses ainda rejeitam tomá-la, por temerem que o produto os deixe doentes.

Enquanto a situação se torna mais complexa, as autoridades congolesas pedem que as comunidades locais tomem precauções básicas, como lavar as mãos e evitar contato físico com qualquer pessoa suspeita de contaminação pelo vírus. Os ministros da Saúde dos países vizinhos à RDC já se preparam há meses para uma eventual disseminação do ebola em seus territórios, e já vacinaram seus funcionários responsáveis pelos primeiros atendimentos.