Funcionários do Parque Arqueológico de Pompeia informaram na sexta-feira (20 de novembro) que, durante escavações em uma vila (residência de campo) nos arredores da cidade romana, foram encontrados os corpos do que se pensa ser um homem rico e seu escravo, noticiaram órgãos de imprensa como o jornal “The Guardian” e o site BBC News. Os dois homens teriam morrido tentando fugir da erupção do Monte Vesúvio, em 79 d.C., que destruiu a cidade. Os corpos estavam quase perfeitamente preservados, segundo os funcionários.

Deitados próximos um do outro, o senhor e seu escravo teriam escapado da fase inicial da erupção, quando a cidade foi coberta por cinzas vulcânicas e pedra-pomes. Mas não resistiram a uma explosão ocorrida no dia seguinte.

No mesmo local, já havia sido descoberto um estábulo de onde foram desenterrados, em 2017, os restos mortais de três cavalos atrelados. Os corpos recentemente descobertos foram objeto da criação de moldes.

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Choque térmico

De acordo com especialistas, o homem mais jovem tinha provavelmente entre 18 e 23 anos. Como várias de suas vértebras estavam comprimidas, deduziu-se que ele era um trabalhador braçal ou escravo. Ele estaria usando uma túnica plissada, possivelmente de lã. O homem mais velho, com idade entre 30 e 40 anos, tinha uma estrutura óssea mais forte, principalmente na região do peito, e também usava túnica. Os dois morreram deitados no que teria sido o corredor da vila.

“É uma morte por choque térmico, como também demonstrado por seus pés e mãos cerrados”, disse Massimo Osanna, diretor do parque, a repórteres.

Segundo funcionários do parque, investigações a serem feitas nos próximos meses poderão revelar para onde os homens estavam indo e os papéis que desempenhavam na residência.

A descoberta foi “verdadeiramente excepcional”, definiu Osanna. Dario Franceschini, o ministro da Cultura da Itália, destacou a importância de Pompeia como local de estudo e pesquisa.

A violenta erupção de 79 d.C. enterrou Pompeia em cinzas, congelando a cidade e seus residentes no tempo. O incidente tornou a cidade romana na Baía de Nápoles uma rica fonte para estudos arqueológicos.

Escavações em andamento

A descoberta dos dois corpos é a mais recente de uma série proporcionada pelas escavações em Pompeia nos últimos anos. Em outubro de 2018, os corpos de duas mulheres e três crianças haviam sido encontrados amontoados no quarto de uma vila na área Regio V. Ali mesmo, uma semana antes, pesquisadores haviam achado uma inscrição de carvão que sugeria que o Vesúvio entrou em erupção em outubro de 79 d.C., e não em agosto daquele ano, como se pensava antes.

Em maio de 2018 foram encontrados os restos mortais de um homem de cerca de 30 anos que, como os dois corpos achados mais recentemente, também teria sobrevivido à primeira parte da erupção. Suas pernas e torso se projetavam de um grande bloco de pedra. Os arqueólogos consideram, porém, que não foi o bloco que o matou, mas os gases letais das fases posteriores da erupção. A vítima levava consigo um pequeno saco com 20 moedas de prata e duas de bronze, quantia equivalente hoje a cerca de 500 euros.

Descobertas no século 16, as ruínas de Pompeia começaram a ser escavadas em 1748. Mais de 1.500 das 2.000 vítimas estimadas foram encontradas ao longo dos séculos. Os trabalhos de escavação prosseguem ali durante a pandemia, enquanto o parque segue fechado a visitantes.