O projeto da maior usina eólica do mundo, a London Array, recebeu aprovação do governo britânico em outubro. A usina, que poderá contar com até 341 turbinas, ocupará uma área de 233,1 km2 a cerca de 20 quilômetros da costa, no litoral de Kent (sudeste da Inglaterra). Em teoria, o projeto gerará mais energia que qualquer outra usina eólica no mundo. Espera-se que, em 2010, ele supra as necessidades de um quarto das residências de Londres.

A London Array está parada há um ano e meio devido aos protestos dos habitantes locais e de algumas instituições ambientais, como a Royal Society for the Protection of Birds (RSPD). O principal motivo de aversão ao projeto é a degradação ambiental. Outro problema é que, devido ao boom das usinas eólicas, o orçamento do projeto passou de R$ 5,4 bilhões para cerca de R$ 7 bilhões. Além disso, algumas turbinas, além de caras, precisam ser encomendadas com antecedência.

O projeto é desenvolvido pelas empresas Shell e Eon. O consórcio se mostra relutante em comentar a introdução das turbinas antes que todos os acordos comerciais sejam firmados. O porta-voz da Eon confirmou o sucesso das negociações até agora. Segundo ele, um dos obstáculos mais difíceis foi obter a permissão de explorar a área e de construir uma subestação elétrica.

A princípio, o conselho do distrito de Swale, na região de Kent, apoiado por sua população, votou contra o projeto. Porém, um fiscal de planejamento os convenceu a conceder a permissão, sob o argumento de que a usina poderia ajudar a Grã-Bretanha a alcançar as metas do Protocolo de Kyoto.

Mesmo com o progresso dos acordos, a Associação Britânica de Energia Eólica (BWEA) alerta que o intervalo entre a aprovação do projeto e o término de sua construção fará com que a usina não consiga atingir suas metas no tempo estimado.

O COMPLEXO SISTEMA de aprovação e instalação de um projeto de energia eólica obriga seus idealizadores a aguardar pelo menos dois anos para que o governo tenha todos os relatórios sobre os impactos ambientais que a usina causará. Além disso, as empresas ainda terão de recorrer a mais dois departamentos governamentais para total aprovação. Depois, elas podem tentar firmar um acordo financeiro para o projeto ser posto em prática. Tendo superado esses obstáculos, a National Grid, responsável por distribuir a energia gerada paraas casas, ainda levará mais alguns anos para fazer o planejamento e as instalações.“Asindústrias têm todas as armas na mão, mas não há infra-estrutura necessária para o nível de investimentos que se tem”, diz Charlie Arglin, da BWEA, ao jornal londrino The Independent.