A escassez de chuvas provoca, entre outros tantos problemas, a redução no volume de águas dos reservatórios que abastecem as grandes cidades em todo o Brasil. Como consequência disso, o fornecimento hídrico e energético desses polos urbanos é seriamente afetado. Hidrelétricas, com seus reservatórios comprometidos, passam a gerar menos energia, havendo a necessidade da utilização de usinas térmicas, que, por sua vez, possuem um custo de geração mais elevado e produzem poluição atmosférica.

Para equilibrar o aumento dos gastos do setor, o governo pode adotar medidas emergenciais, como a redução da pressão nas tubulações de distribuição de água aos consumidores ou até a utilização de um sistema de bandeiras tarifárias (que, dependendo da situação, pode acarretar um considerável aumento nas contas de luz da população). Empresas e residências se veem obrigadas a readequar seus hábitos de consumo.

O cenário descrito acima parece pertencer a um passado distante. Entretanto, é bastante recente. Teve seu início em 2014 e se estendeu ao longo de 2015, com consequências que ainda podem ser sentidas. Este ano, saímos do volume morto dos reservatórios que servem a Grande São Paulo com a volta das chuvas, mas ainda estamos longe de uma situação confortável. Isso nos leva às seguintes questões: o que estamos fazendo para evitar que a situação se agrave novamente? Estamos preparados para enfrentar uma nova crise? Aprendemos alguma coisa com ela?

É importante ressaltar que a falta de água é uma ameaça que afeta todo o planeta, mas que, sozinha, não provoca situações emergenciais. Tornar-se uma situação de emergência depende da vulnerabilidade da população e das empresas a essa ameaça. Portanto, um estudo dos cenários é uma importante e poderosa ferramenta de antecipação à crise e sua finalidade é a prontidão, ou seja, propor um nível suficiente de preparação aos efeitos da seca, evitando e minimizando seus impactos negativos nas atividades das empresas. Nesse sentido, o Grupo Wilson Sons, um dos maiores operadores de serviços portuários, marítimos e logísticos do Brasil, desenvolveu o “Estudo de Cenários Hídrico e Energético”, que teve como ponto de partida o entendimento da crise no cenário mundial, seus contornos no Brasil e o levantamento de práticas do mercado voltadas para o enfrentamento dessas agendas.

A metodologia de trabalho desenhada no documento consiste no mapeamento do uso de água e de energia elétrica nas unidades da empresa, classificando-as como de alta, média ou baixa relevância; na identificação de vulnerabilidades nos usos dos recursos hídrico e energético, avaliando se estão, de alguma forma, ameaçados; na identificação de ações de prontidão para mitigar as vulnerabilidades eventualmente encontradas para garantir que as demandas de água e energia sejam supridas nos negócios do grupo, mesmo em cenários de escassez hídrica e energética; e na definição da periodicidade de atualização do estudo para os usos e suas relevâncias, além de revisitar a análise de vulnerabilidade e prontidão para os mesmos.

Estratégias como essa tornarão cada vez mais difícil a ocorrência de eventos como os vistos nos últimos anos, para alívio de pessoas, empresas e da sociedade.