Iniciada no ano passado, a epidemia de Ebola na República Democrática do Congo está cada vez mais fora de controle e pode se tornar tão grave quanto o surto que devastou três países da África Ocidental entre 2013 e 2016, alertam especialistas e chefes de ajuda humanitária, segundo reportagem do The Guardian.

Mais de 1.600 pessoas foram infectadas com o vírus na região de Kivu do Norte e mais de 1.000 morreram até agora – a grande maioria mulheres e crianças. Os números estão aumentando constantemente e a taxa de mortalidade é maior do que nos surtos anteriores, em cerca de 67%.

Whitney Elmer, diretora nacional da Mercy Corps, uma das ONGs humanitárias que trabalha na prevenção da disseminação, alertou que houve cerca de 400 casos no último mês – o maior número desde seu começo há cerca de 10 meses.

A violência do conflito civil que ocorre há anos no país está impossibilitando o combate à doença. Equipes de IRC tiveram três unidades de triagem em centros de saúde incendiadas no Kivu Norte. Na semana passada, combatentes do grupo armado rebelde Mai-Mai atacaram um centro de tratamento em Butembo, outra das cidades no centro da crise. Nesta semana, dois pacientes foram mortos durante um ataque a um centro de tratamento em Katwa, o segundo incidente desse tipo na cidade neste mês. O epidemiologista da OMS, Dr. Richard Mouzoko, foi morto por homens armados enquanto ele e seus colegas estavam trabalhando no combate ao Ebola.

As equipes que acompanham a evolução do caso afirmar que é notável que não tenha se espalhado mais geograficamente, mas advertem que existe a possibilidade de o surto se espalhar pelas vizinhas Ruanda ou Uganda.

A OMS recentemente anunciou uma expansão das diretrizes de vacinação e a introdução de uma segunda vacina para tentar proteger as pessoas. Drogas experimentais também foram dadas a 700 pessoas, embora ninguém saiba ainda o nível de sucesso que alcançaram. Mas, a menos que seja possível alcançar as comunidades afetadas com vacinas e medicamentos, as novas tecnologias são inúteis.

“A tragédia é que temos os meios técnicos para parar o Ebola, mas até que todas as partes parem de atacar a resposta, será muito difícil acabar com este surto”, twittou o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus.

“Um cessar-fogo de seis a nove meses, intermediado pela ONU, pela Cruz Vermelha ou por órgãos semelhantes, é vital para deter a disseminação, disse Jeremy Farrar, chefe do Wellcome Trust.