No Dia da Terra, 22 de abril, renomados cientistas e economistas de diversos países fizeram um grave alerta em relação ao clima futuro do planeta e conclamaram os líderes mundiais a tomar providências para impedir que os prognósticos mais sombrios se concretizem. Em seu manifesto, o grupo autodenominado Liga da Terra, que inclui nomes como os dos economistas Hans Joachim Schellnhuber (conselheiro da chanceler alemã Angela Merkel), Jeffrey Sachs e Nicholas Stern, as condições atuais já resultam numa chance de 10% de que a temperatura média da Terra suba 6°C até 2100, o que representaria uma mudança catastrófica no clima, com reflexos inimagináveis para a civilização humana. Segundo esses especialistas, já vivemos num planeta com temperatura média 0,85°C acima da registrada há 120 anos, e o máximo a que se poderia chegar sem efeitos seriamente danosos seria 2°C. O texto delineia, em três páginas, oito áreas de ação que precisam ser objeto de acordo na COP21 (a conferência do clima da ONU a ser realizada em Paris em dezembro) para evitar que o clima terrestre mude drasticamente. São elas:
1) Os governos devem restringir o aquecimento global a um aumento de até 2°C, a fim de limitar riscos climáticos inéditos.
2) O limite de emissões futuras de gás carbônico deve ficar bem abaixo de 1.000 gigatoneladas de CO2 para haver uma chance razoável de se manter a linha de 2°C. (Atualmente, o homem emite cerca de 40 gigatoneladas de CO2 por ano.)
3) Os países devem se comprometer com uma profunda “descarbonização”, com início imediato e que leve a uma sociedade de carbono zero até 2050.
4) Cada país deve elaborar uma fórmula consistente de emissões, com descarbonização profunda. Por uma questão de equidade, os países ricos e as indústrias progressistas podem e devem assumir a liderança e descarbonizar-se bem antes de meados do século.
5) A pesquisa dirigida, o desenvolvimento, a demonstração e a difusão de sistemas de energia de baixo carbono e do uso sustentável da terra são pré-requisitos para deflagrar uma onda de inovação climática.
6) É necessária uma estratégia global para limitar a vulnerabilidade, aumentar a resiliência e lidar com perdas e danos das comunidades causadas por impactos climáticos.
7) Os países devem concordar em preservar sumidouros de carbono e ecossistemas vitais, tais como florestas.
8) Os governos devem incentivar urgentemente novas fontes de financiamento climático para os países em desenvolvimento a fim de permitir uma rápida transição para sociedades resilientes ao clima e de consumo zero de carbono.