Uma nova espécie de dinossauro, que viveu no período Cretáceo, há cerca de 90 milhões de anos, foi descoberta em Cruzeiro do Oeste, no noroeste do Paraná, segundo estudo de paleontólogos brasileiros e argentinos publicado hoje na revista “Scientific Reports”, do grupo Nature, e noticiado pelo “Jornal da USP”. A universidade paulista faz parte das instituições representadas na pesquisa, ao lado da Universidade Estadual de Maringá (UEM), do Museo Argentino de Ciências Naturales e do Museu de Paleontologia de Cruzeiro do Oeste. A nova espécie recebeu o nome de Vespersaurus paranaensis, inspirado na palavra “vesper” (oeste ou entardecer em latim), em referência ao nome da cidade onde foi descoberta, e por representar o primeiro dinossauro do Paraná.

A partir dos fósseis encontrados, os pesquisadores concluíram que se tratava de um animal com pouco mais de 1,5 metro de comprimento, pertencente à linhagem dos terópodos, grupo de dinossauros carnívoros bípedes que inclui o tiranossauro e o velociraptor. O subgrupo do novo dinossauro, Noasaurinae, abrange répteis de pequeno porte até então conhecidos apenas na Argentina e em Madagascar, com possíveis ocorrências na Índia. Esse dado reforça a ideia de que essas terras estiveram unidas durante o Cretáceo, com provável conexão pela Antártida.

A característica anatômica diferenciada do Vespersaurus paranaensis estava nos pés. Seu peso era praticamente todo suportado por um único dedo central, tal como os cavalos atuais. Já os dedos que ladeavam o central possuíam grandes garras em forma de lâmina, supostamente adequados para cortar e raspar.

“De forma análoga ao velociraptor, com o qual o Vespersaurus não é aparentado, ele provavelmente usaria as garras do pé na captura e dilaceração de presas, que poderiam incluir os lagartos e pterossauros que sabemos também terem habitado a região”, afirma o paleontólogo Max Langer, professor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) e líder do estudo.

A região onde os fósseis foram encontrados possui rochas formadas em ambientes desérticos, o que sugere que o Vespersaurus estava adaptado a esse tipo de clima. No mesmo sítio foram descobertos o lagarto Gueragama sulamericana e inúmeros indivíduos do pterossauro Caiuajara dobruskii. A área deve conter muito mais novidades paleontológicas, observa Neurides Martins, diretora do Museu de Paleontologia de Cruzeiro do Oeste.