O comércio internacional pode – e deve – andar de mãos dadas com o desenvolvimento sustentável. Segundo a Comissão de Desenvolvimento Sustentável e Empresarial (Business & Sustainable Development Commission), novas oportunidades de negócio geradas por uma economia mundial sustentável podem representar um mercado de US$ 12 trilhões anuais até 2030.

Uma parceria entre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a ONU Ambiente para encontrar e promover iniciativas nesse sentido já rendeu um Fórum Público e gerou um extenso relatório. O documento detalha como governos podem trabalhar juntos para garantir que políticas comerciais fortaleçam o respeito ao meio ambiente e estimulem o desenvolvimento sustentável.

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“Making trade work for the environment, prosperity and resilience” ou Fazendo o Comércio Trabalhar para o Meio Ambiente, a Prosperidade e a Resiliência (em tradução livre) é o nome tanto do fórum como do relatório que está sendo discutido durante o evento. O fórum acontece esta semana (de 02 a 04/10) em Genebra – cidade sede dos dois organismos – reunindo lideranças de empresas, governo e sociedade civil reunidas lá.

Algumas questões apontadas pelo relatório:

  • A abertura dos mercados pode ajudar a reduzir emissões: Os 18 países em desenvolvimento que mais emitem gases de efeito estufa poderão importar 63% mais soluções de iluminação de maior eficiências energética, 23% mais equipamentos de geração de energia eólica, e 14% mais equipamentos de geração solar se eliminarem barreiras comerciais para esses produtos.
  • A integração comercial tem tornado as tecnologias verdes mais acessíveis: Linhas de montagem tornaram possível o surgimento de um preço competitivo no mercado global de baterias para a área de transporte rodoviário. Em 2017, as vendas mundiais de carros elétricos ultrapassaram a marca de 1 milhão de unidades, tendo a China como o maior mercado consumidor.
  • O comércio, por sua vez, necessita que o meio ambiente em equilíbrio para poder prosperar: Mais da metade do comércio mundial de grãos passa por pelo menos um dos 14 pontos de estrangulamento das rotas de escoamento global e a vulnerabilidade deles à elevação do nível dos mares e aos desastres causados pelas mudanças climáticas terão consequências na distribuição desses produtos.

“Para garantir que o comércio seja sustentável e continue gerando benefícios como emprego, crescimento e prosperidade econômica, os governos devem trabalhar para que políticas de comércio e ambientais sejam complementares. Alguns exemplos disso seriam acordar cortes profundos nos subsídios a frotas pesqueiras e reduzir as barreiras comerciais aos serviços e produtos ambientais. A OMC é o lugar indicado para fazer progressos nesses pontos”, declarou o diretor-geral da organização, o brasileiro Roberto Azevêdo.

Já o diretor executivo da ONU Ambiente, Erik Solheim, afirmou: “Nós já temos muitos vencedores e pioneiros que estão nos mostrando todos os dias como a economia do futuro pode funcionar. A inovação pode nos ajudar a superar desafios ambientais. Nós devemos fazer todo o possível para apoiar esses precursores para destravar os negócios verdes e nos permitir avançar por formas sustentáveis de consumir e produzir. Quando fizermos isso, vamos encontrar enormes oportunidades para a prosperidade e para a empregabilidade.”