Uma das principais causas de morte em pacientes tratados por câncer são doenças cardíacas. Estudos mostram os efeitos deletérios ao músculo cardíaco em decorrência do tratamento do câncer, conhecido como efeito cardiotóxico do tratamento. A situação se agrava em pacientes com caquexia, perda involuntária de massa muscular que acomete quase 80% dos pacientes em estágio avançado da doença.

Em experimentos realizados com camundongos, pesquisadores da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP demonstraram que o exercício físico aeróbio, realizado em esteira rolante para roedores, foi capaz de oferecer maior proteção cardíaca nos animais com câncer.

Os resultados do trabalho “O treinamento físico retarda a remodelação cardíaca em um modelo de camundongo com caquexia cancerosa” foram publicados no periódico “Life Sciences” em setembro. O estudo foi financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

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Redução de volume dos tumores

Para os experimentos, os pesquisadores separaram camundongos em dois grupos. Um era sedentário e o outro seguia um protocolo de treinamento físico aeróbio. Em ambos, foram inoculadas células tumorais CT26. O treinamento físico iniciou-se 45 dias antes da injeção das células tumorais e continuou ao longo do estudo. Os camundongos realizaram exercício físico na esteira, 60 minutos por sessão a 60% da velocidade máxima (intensidade moderada) e cinco dias por semana.

De acordo com a pesquisadora Larissa Gonçalves Fernandes, autora do estudo, o treinamento aeróbico foi bem-sucedido em atenuar a disfunção cardíaca, reduzir a inflamação, a necrose e a fibrose no tecido cardíaco. O exercício físico também promoveu efeito contrário ao remodelamento cardíaco patológico. Esse problema é caracterizado por mudanças no tamanho, massa, geometria e funcionamento do coração em decorrência de algum mal. Os pesquisadores observaram que o exercício físico aeróbio foi eficaz em atenuar o crescimento tumoral dos animais testados, o que significa que houve redução do volume dos tumores.

Ouça, no link a seguir, a entrevista da pesquisadora Larissa Fernandes ao Jornal da USP no Ar.