“Se todos os insetos desaparecessem da Terra, dentro de 50 anos toda a vida na Terra acabaria. Se todos os seres humanos desapareceram da Terra, dentro de 50 anos todas as formas de vida floresceriam.” Confirma-se cada vez mais o que já afirmou há mais de meio século Jonas Salk, médico, virologista e epidemiologista norte americano, inventor da primeira vacina antipólio.

Os insetos do mundo estão a caminho da extinção, ameaçando um “colapso catastrófico dos ecossistemas da natureza”, de acordo com a primeira análise científica global publicada na revista Biological Conservation. A revisão selecionou os 73 melhores estudos feitos até hoje para avaliar o declínio de insetos. A maioria dos estudos analisados ​​foi feita na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, mas inclui também trabalhos da Austrália à China e do Brasil à África do Sul, mas muito poucos existem em outros lugares.

Mais de 40% das espécies de insetos estão em declínio e um terço está ameaçado, segundo o estudo. A taxa de extinção deles é oito vezes mais rápida que a dos mamíferos, aves e répteis. A massa total de insetos está caindo 2,5% ao ano, nos últimos 25-30 anos, de acordo com os melhores dados disponíveis, sugerindo que eles poderiam desaparecer dentro de um século.

Os insetos voadores colaboram na polinização e servem de alimento para outras espécies (na imagem, abelha coberta de pólen)

“As tendências [dos insetos] confirmam que o sexto grande evento de extinção está impactando profundamente as formas de vida em nosso planeta. A menos que mudemos nossas formas de produzir alimentos, os insetos como um todo irão percorrer o caminho da extinção em algumas décadas”, informa o documento. “As repercussões disso para os ecossistemas do planeta são catastróficas para dizer o mínimo.”

O estudo aponta que a agricultura intensiva é o principal motor dos declínios, particularmente o uso pesado de pesticidas. A urbanização e as mudanças climáticas também são fatores significativos. Poluentes agroquímicos, espécies invasivas e a mudança do clima são causas adicionais.

Dentre os mais afetados estão borboletas e mariposas (Lepidoptera); vespas ; abelhas e formigas (Hymenoptera); besouros e joaninhas (Coleoptera). No meio aquático, as libélulas (Odonata), plecópteros, tricópteros e efeméridas já perderam uma quantidade grande de espécies.