Certas compras são melhores do que outras quando se trata de estimular a felicidade instantânea das pessoas, de acordo com uma nova pesquisa da McCombs School of Business da Universidade do Texas em Austin (EUA) publicada na edição de maio de 2020 da revista “Journal of Experimental Social Psychology”. O autor principal Amit Kumar, professor assistente de marketing, e sua equipe de pesquisa descobriram que os consumidores são mais felizes quando gastam em compras de experiências do que em compras de bens materiais.

“Uma questão que realmente não foi examinada muito é o que acontece aqui e agora – estamos mais felizes gastando nosso dinheiro em uma experiência ou em um item material?”, observou Kumar. “A descoberta básica de muitos experimentos é que as pessoas obtêm mais felicidade de suas experiências do que de seus bens.”

Kumar e seus coautores, Matthew Killingsworth, da Universidade da Pensilvânia, e Thomas Gilovich, da Universidade Cornell, recrutaram 2.635 adultos, que foram aleatoriamente designados para um grupo material ou experimental. Os participantes receberam textos aleatórios durante o dia para monitorar suas emoções e seu comportamento de compra.

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Os compradores de bens materiais adquiriram itens como joias, roupas ou móveis, enquanto os compradores de experiências assistiram a eventos esportivos, jantaram em restaurantes ou se envolveram em outras atividades desse tipo. Os resultados: a felicidade foi maior para os participantes que compraram experiências do que para os que adquiriram bens materiais em todas as categorias, independentemente do custo do item.

Preço não interfere

“Seria injusto comparar uma camisa com uma viagem, mas, quando contabilizamos o preço, ainda vemos esse resultado em que as experiências estão associadas a mais felicidade”, disse Kumar.

Para abordar possíveis diferenças nos tipos de consumidores, os pesquisadores conduziram um segundo estudo, no qual pediram a mais de 5 mil participantes para avaliar primeiramente sua felicidade e depois relatar se haviam usado, apreciado ou consumido uma compra de um objeto ou de uma experiência na última hora. Se eles respondessem “sim”, os participantes receberiam uma série de perguntas e detalhes sobre sua compra.

“Ainda observamos o mesmo efeito”, disse Kumar. “Quando a mesma pessoa estava consumindo uma experiência, isso foi associado a mais felicidade.”

Os pesquisadores concluíram que as pessoas são mais felizes com as compras de experiências do que as de bens materiais, independentemente de quando você mede a felicidade: antes, durante ou depois do consumo. As experiências também provocam mais satisfação, mesmo que as pessoas passem mais tempo usando seus bens materiais.

Os pesquisadores disseram que uma possível explicação é a resistência das experiências nas memórias das pessoas, enquanto o valor percebido dos bens materiais enfraquece com o tempo.

“Se você quer ser mais feliz, pode ser prudente tirar parte do seu consumo dos bens materiais e destinar um pouco mais para as experiências”, disse Kumar. “Isso provavelmente levaria a um maior bem-estar.”