Ao ser arrematado por US$ 300 milhões (cerca de R$ 850 milhões) há dois meses, em Genebra, na Suíça, o quadro Nafea Faa Ipoipo? (“Quando Você se Casará?”, em taitiano), do pintor francês Paul Gauguin, tornou-se a obra de arte mais cara já vendida no mundo. O nome do comprador não foi divulgado, mas há razoáveis indícios de que o felizardo seja um colecionador do Catar.

Com a meta de virar um polo cultural de importância global, o pequeno e rico país do Golfo Pérsico está investindo pesadamente em museus, de olho no dia em que o petróleo acabar. Há quatro anos a família real catari já havia batido o recorde do investimento nesse mercado ao adquirir uma das versões de Os Jogadores de Cartas, de Paul Cézanne, por US$ 250 milhões.

Em valores atualizados, a lista das dez mais valiosas obras, apresentada pelo jornal britânico The Guardian, consagra os pintores impressionistas e pós-impressionistas franceses do século XIX. Entre as dez mais, há quatro telas desse grupo de artistas – a pintura campeã de Gauguin, a vice-líder, de Cézanne, Retrato do Dr. Gachet, de Van Gogh (7o) e Baile no Moulin de La Galette, de Renoir (9o). A França pode estar perdendo o posto de farol intelectual do mundo, mas na pintura ainda se mantém firme. 

O mercado dá mais valor às telas “clássicas” do que a arte contemporânea. Apenas três pinturas pós-1945 figuram entre as mais cotadas, duas de artistas figurativistas – Mulher III, do holandês Willam de Kooning, e Três Estudos de Lucian Freud, do irlandês Francis Bacon (8o) –, e a bela No 5, do americano Jackson Pollock. Picasso é o único artista a comparecer com duas obras: os quadros O Sonho, de 1932 (6o), e Rapaz com Cachimbo, de 1905 (10o).

Confira as imagens dos seis maiores “ativos” do investimento em arte. Uma obra-prima vale pelo que representa e pelo que transcende, e não há dinheiro que pague a sua revelação para quem sabe apreciar. Para o voraz mercado dos colecionadores globais, entretanto, o verdadeiro fetiche são os cifrões.