A Solar Foods, empresa finlandesa que fabrica alimentos a partir de eletricidade, água e ar, planeja pôr um produto pioneiro nos supermercados em dois anos, em volume suficiente para que ele esteja presente em 50 milhões de refeições, de acordo com o jornal “The Guardian”. Denominada Solein, a novidade é um pó que possui proteína pesada (como a presente em carne de hambúrguer ou de frango), tem aparência e gosto de farinha de trigo e custa 5 euros por quilo.

A companhia também trabalha com a Agência Espacial Europeia (ESA) para fornecer alimento a astronautas em missão a Marte. Ela espera começar a produção em nível comercial em 2021, e conta com uma licença de alimentação da União Europeia ainda neste ano para desenvolver esses projetos.

Segundo Pasi Vainikka, diretor executivo da startup de tecnologia, sua empresa desenvolveu uma forma neutra em carbono para produzir uma fonte de proteína totalmente natural, sem desperdiçar terra ou água. “É um tipo completamente novo de alimento, um novo tipo de proteína, diferente de todos os alimentos no mercado hoje em dia em relação a como é produzido, pois não precisa de agricultura ou aquicultura”, afirma.

O pó é produzido através de um processo semelhante ao da fabricação de cerveja. Micróbios vivos são colocados em um líquido e alimentados com bolhas de dióxido de carbono e de hidrogênio, liberadas da água com o uso de eletricidade. Os micróbios criam a proteína, que passa então por secagem para se fazer o pó.

O produto pode ser adicionado a refeições como um de seus componentes – um “ingrediente como qualquer ingrediente do alimento”, diz o executivo. Outro exemplo citado por ele é dar textura ao pó transformando-o em fibras que se assemelham a carne ou pão por meio de impressão 3D.

Para Vainikka, seu produto é a proteína mais ecologicamente correta do mundo, mas não representa um desafio para os agricultores nas próximas duas décadas. De qualquer forma, lembra ele, 75% das calorias do mundo provêm de 12 plantas e cinco espécies animais. A atual forma de produção de alimentos já responde por 25% da pegada de carbono do mundo, e a ONU alerta que alimentar a população global em 2050 exigirá um aumento de produção entre 50% e 70%.