Os morcegos-vampiros são os únicos mamíferos que se alimentam exclusivamente de sangue. De acordo com cientistas, estes animais carecem de vários genes encontrados em outros morcegos, que podem estar relacionados à sua dieta única.

Os morcegos-vampiros comuns (Desmodus rotundus) precisam ingerir até 1,4 vezes seu peso corporal em sangue durante cada refeição para obter a energia de que precisam. Isso acontece porque o sangue é composto principalmente de água e é muito baixo em calorias.

Para descobrir mais, Moritz Blumer, do Instituto Max Planck de Biologia Celular e Genética Molecular, na Alemanha, e seus colegas sequenciaram o genoma do morcego-vampiro comum e o compararam com os genomas de 26 outras espécies de morcegos.

Como resultado do estudo, publicado na última sexta-feira (25/03) na revista Science Advances, os pesquisadores descobriram que os morcegos-vampiros não têm 13 genes que são encontrados em outros morcegos. A perda destes genes durante sua evolução pode ter ocorrido à medida que se adaptaram à sua dieta única, de acordo com Blumer.

Três dos genes perdidos são responsáveis ​​pelos receptores gustativos que diferenciam os alimentos. Dois outros genes que os morcegos-vampiros eliminaram estão normalmente envolvidos no controle dos níveis de açúcar no sangue, chamados de controle glicêmico. “Achamos que a dieta de sangue dos morcegos vampiros é tão limitada em carboidratos que os morcegos vampiros perderam o controle glicêmico normal”, sugeriu o pesquisador.

A perda de outro gene, chamado REP15, pode ter ocorrido para permitir que os morcegos aumentassem a quantidade de ferro que podem excretar, já que sua dieta rica em ferro os coloca em risco de ficarem sobrecarregados com o mineral. Uma estimativa sugere que a ingestão relativa de ferro de um morcego vampiro é 800 vezes maior que a dos humanos.

Os pesquisadores também descobriram que os morcegos-vampiros não têm um gene chamado CYP39A1, sugerindo um aumento de suas habilidades sociais e cognitivas. A perda desse gene aumenta um produto químico chamado 24S-hidroxicolesterol, que melhora o aprendizado e a memória.

Por exemplo, os animais geralmente compartilham sangue regurgitado com companheiros que não conseguiram encontrar uma refeição noturna, sugerindo um alto grau de cooperação social. “Os morcegos-vampiros são especialmente dependentes desse comportamento social avançado, pois os ajuda a lidar com as consequências negativas de sua dieta pobre em carboidratos”, explicou Blumer.