Cientistas da Universidade Rutgers (EUA) propõem a criação de uma “arca de Noé” para preservar microrganismos benéficos da flora intestinal, com o objetivo de proteger a saúde da humanidade a longo prazo. O argumento é que a perda de diversidade de microbiota em todo o planeta gerada pelas mudanças de hábitos alimentares modernos é uma ameaça à saúde comparável à das mudanças climáticas.

Essa Arca de Noé de germes benéficos seria coletada de populações humanas de regiões remotas da Terra que ainda não estão comprometidos por antibióticos, dietas processadas e outros efeitos nocivos da sociedade moderna – o que inclui povos da América Latina e da África. Isso porque esses costumes atuais vêm contribuindo para uma perda maciça da diversidade microbiana e um aumento concomitante dos problemas de saúde. A flora intestinal da maioria dos norte-americanos, por exemplo, tem metade da diversidade dos indígenas de aldeias amazônicas isoladas.

Representante de comunidades indígenas dos Andes depositam semente de batata no Cofre de Sementes de Svalbard (Crédito: FAO)

A ideia, equivalente ao Seed Vault, o Cofre Global de Sementes estabelecido em Svalbard (Noruega), para manter a biodiversidade das plantas terrestres, conservaria germes “amigáveis” de modo que pudessem ser estudados antes de desaparecer. Publicada em outubro na revista “Science”, a proposta envolveria o armazenamento de coleções de fezes humanas – e da consequente mistura de micróbios ali existentes. Um esforço internacional, incluindo financiamento significativo, seria necessário.