O historiador Robert Lee, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, elucidou um caso de roubo de terras no início do século 19 nos Estados Unidos. Examinando um microfilme da Administração Nacional de Arquivos e Registros dos Estados Unidos, ele estranhou as fronteiras traçadas em um mapa atribuído ao capitão Eli B. Clemson (1776-1842). A demarcação das terras indígenas não coincidia com a delineada no Tratado de Osage, de 1808.

Detalhes do mapa levaram Lee a concluir que seu autor era o explorador norte-americano William Clark (1770-1830), que o teria desenhado em 1816. Alterando os limites no mapa, Clark subtraiu de indígenas a metade superior do que é hoje o estado do Missouri, do qual era governador. Com a apropriação, ele violou o Tratado de Ghent com a Grã-Bretanha, de 1812, que determinava a preservação das terras indígenas; desfez sua imagem de protetor dos povos nativos; e atraiu colonizadores.

A ocupação das terras tomadas dos nativos elevou o Missouri à condição de estado e abafou os protestos dos povos Sauks, Meskwakis e Iowas que antes viviam ali (William and Mary Quarterly, janeiro).

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