Estudos mostram que a maioria das pessoas pensa que é mais inteligente que a média. Mas, de acordo com uma pesquisa publicada recentemente na revista Frontiers in Psychology, há um tipo de pessoa que superestima sua inteligência mais do que todos os outros: homens.

“Apesar da tendência geral das pessoas de superestimar sua própria inteligência, os indivíduos variam”, escreveu David Reilly, pesquisador em psicologia aplicada na Universidade Griffith, na Austrália, e principal autor do estudo que investiga o tem sido chamado de efeito “arrogância masculina, humildade feminina”, em um artigo recente para The Conversation.

“Em geral… quando solicitados a estimar seu QI, os homens acham que são significativamente mais brilhantes do que são, enquanto as estimativas das mulheres são muito mais modestas”, explicou ele. “Nossas descobertas são consistentes com as de outros estudos [e é] verdade para muitas culturas.”

Durante o estudo, os 228 participantes foram questionados sobre o que eles achavam que era seu QI, e então eles completaram um teste de QI para medi-lo objetivamente. Os pesquisadores também apresentaram uma série de questionários cobrindo informações demográficas, autoestima e, mais importante, identificação de papéis sexuais, em outras palavras, quão “masculinos” ou “femininos” os participantes se consideravam.

“Tínhamos uma hipótese de que o gênero psicológico (especificamente a masculinidade) seria um melhor preditor de auto-estima do que o sexo biológico (masculino ou feminino ao nascer)”, explicou o pesquisador.

Como resultado, o sexo biológico definitivamente desempenhou um papel importante em prever se um indivíduo subestimaria ou superestimaria seu QI, mas, o que surpreendeu os pesquisadores é que esse não foi o único fator em jogo. Enquanto a mulher média no estudo subestimou seu QI em mais de seis pontos, houve algumas que não sofreram essa crise de confiança, especificamente, aquelas mulheres que afirmaram que se consideravam mais “masculinas”.

“O sexo biológico continuou sendo o fator mais forte: os homens classificaram sua inteligência como mais alta do que as mulheres. No entanto, o gênero psicológico também foi um preditor muito forte, com sujeitos altamente masculinos classificando sua inteligência mais alta”, explicou David.

“Houve também uma forte contribuição da autoestima geral para a autoimagem intelectual dos participantes”, acrescentou ele. E, como estudo após estudo confirmou, os homens relatam consistentemente níveis mais altos de autoestima do que as mulheres.

No entanto, o que deixa os pesquisadores intrigados é como combater esse efeito. Segundo os autores, a causa do problema de arrogância-humildade pode ser “complexa e matizada, sem uma causa única emergindo, mas sim uma série de fatores contribuintes”.

Mas seu resultado tem impactos profundos no mundo real. “Quando as meninas subestimam sua inteligência na escola, elas tendem a escolher conteúdos de curso menos desafiadores, especialmente em ciência, tecnologia, engenharia e matemática”, escreveu David. “Essas decisões limitam suas escolhas de educação e carreira depois da escola.”

Mesmo que você não se importe com diversidade ou igualdade, isso é uma coisa ruim, pois impede o progresso científico, impede o sucesso econômico e, em casos extremos, pode resultar em mortes desnecessárias.

“Precisamos elevar as aspirações das meninas se quiserem resolver os problemas complexos que nossa sociedade enfrenta, enquanto alcançamos a igualdade salarial. Começa cedo com as expectativas de inteligência dos pais de acordo com o gênero e as diferenças na autoestima entre meninos e meninas”, sugeriu o pesquisador

“Não seria bom se, como pais, educadores e sociedade, pudéssemos construir a confiança de meninas e mulheres jovens a um nível em que elas acreditassem em si mesmas e estivessem livres dessas dúvidas?”, concluiu David.