A jovem estrela HBC 672 é conhecida pelo apelido Bat Shadow (“Sombra de Morcego”) por causa da sombra em forma de asa que a cerca. O Telescópio Espacial Hubble, da Nasa/ESA, agora observou pela primeira vez um curioso movimento de “bater de asas” na sombra do disco da estrela. A estrela reside na Nebulosa Serpens (Serpente), um berçário estelar a cerca de 1.300 anos-luz de distância.

O Hubble capturou uma observação impressionante do disco invisível e formador de planetas da estrela em 2018. Esse disco lança uma sombra enorme através de uma nuvem mais distante em uma região de formação de estrelas – como uma mosca vagando no feixe de uma lanterna iluminando a parede.

Agora, os astrônomos observaram por acaso o “bater de asas” da Bat Shadow. Isso pode ter sido causado por um planeta puxando o disco e distorcendo-o.

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“Você tem uma estrela cercada por um disco, e o disco não é plano como os anéis de Saturno. Está inflado. Isso significa que a luz da estrela, se for para cima, pode continuar a ir para cima – não é bloqueada por nada. Mas se ele tenta seguir o plano do disco, não sai e lança uma sombra”, explicou o principal autor do estudo, Klaus Pontoppidan, astrônomo do Instituto de Ciências do Telescópio Espacial (STScI) em Baltimore, EUA. Ele e sua equipe publicaram os resultados dessa investigação na revista “The Astrophysical Journal”.

Descoberta surpreendente

A descoberta do “bater de asas” também foi uma surpresa. Pontoppidan e sua equipe observaram a sombra em vários filtros durante um período de 13 meses. Quando eles combinaram as imagens antigas e novas, a sombra parecia ter se movido.

A sombra é tão grande – cerca de 200 vezes o diâmetro do Sistema Solar – que a luz não viaja instantaneamente através dela. De fato, leva cerca de 45 dias para a luz viajar da estrela até a borda mais bem definida da sombra.

Pontoppidan e sua equipe calculam que um planeta que distorcer o disco orbitará sua estrela em nada menos que 180 dias. Eles estimam que a distância entre esse planeta e sua estrela seria a mesma que separa a Terra do Sol. A equipe de Pontoppidan também sugere que o disco deve alargar-se, com um ângulo que aumenta com a distância – como uma trombeta. Essa forma de seus dois picos e duas depressões explicaria o “bater de asas” da sombra.

A equipe também especula que um planeta está incorporado no disco, inclinado para o plano desse disco. Se não é um planeta, uma explicação menos provável é uma companheira estelar de menor massa orbitando a HBC 672 fora do plano do disco. Pontoppidan e sua equipe duvidam que esse seja o caso, com base na espessura do disco. Também não há evidências atuais para uma companheira binária.

O disco é uma estrutura circular de gás, poeira e rochas, e é pequeno e distante demais para ser visto, mesmo pelo Hubble. No entanto, com base na sombra projetada, os cientistas sabem que sua relação altura/raio é de 1 para 5.