Cientistas da Universidade Heriot-Watt em Edimburgo (Reino Unido) identificaram um gene responsável pela resistência da cevada à seca. A descoberta poderá ajudar a preparar o futuro da indústria de cereais para condições cada vez mais secas, à medida que a mudança climática avança. Os resultados foram divulgados no periódico “Journal of Plant Physiology and Biochemistry”.

Liderada por Peter Morris, do Instituto de Ciências da Terra e da Vida da Universidade Heriot-Watt, a equipe demonstrou que o gene HvMYB1 controla a tolerância ao estresse em cereais como a cevada. É a primeira vez que o HvMYB1 é associado à resistência à seca.

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Como a cevada tem mais de 39 mil genes (quase o dobro do número em seres humanos), caracterizar um gene específico que promove a resistência à seca tem sido um desafio considerável. Morris e sua equipe aumentaram a expressão desse gene específico nas plantas de teste e simularam as condições de seca. Com isso, provaram que as plantas nas quais o HvMYB1 é mais proeminentemente expresso conseguem sobreviver a períodos prolongados de seca.

“Esta é uma descoberta significativa que permitirá que mais culturas de resistência à seca sejam produzidas no futuro”, afirmou Morris. “A seca já está afetando os rendimentos, com a colheita europeia de cereais, atingida particularmente em 2018. Um verão prolongado, seco e quente afetou significativamente os rendimentos e a qualidade.”

Estações mais extremas

Ele acrescentou: “À medida que a mudança climática ganha ritmo e vivenciamos estações mais extremas, é essencial que possamos manter a continuidade do fornecimento. Isso é significativo para indústrias-chave como o uísque escocês, um dos principais itens de exportação do Reino Unido. Nosso projeto foi focado especificamente em cevada, um dos três ingredientes usados ​​na produção de uísque escocês”.

Ainda segundo Morris, a variação genética é essencial no melhoramento de plantas para a resiliência. Sua equipe espera que a descoberta seja usada nas pesquisas agrícolas como um marcador de resistência à seca.

“Isso ajudará a concentrar a atenção em diferentes variedades de cevada nas quais esse gene é naturalmente expresso de maneira mais proeminente”, observa. “Pode levar a uma maior variação no conjunto genético de plantas cultivadas e a culturas mais resistentes à seca nos próximos anos. (…) Isso também tem implicações importantes para a indústria de cereais em geral, incluindo a produção de trigo, milho e arroz.”