Ultimamente tem-se falado muito sobre Chernobyl, por conta da série da HBO que relembrou os detalhes sobre o maior acidente nuclear que já aconteceu no planeta, em 1986.

Porém, a cidade ucraniana não é o local mais radioativo do mundo. Uma pesquisa da Univerisidade de Columbia (EUA) mediu os níveis de radiação em pontos das Ilhas Marshall e descobriu que, em alguns locais, a radiação lá é de dez a mil vezes maior do que em Chernobyl ou mesmo do que em Fukushima, no Japão, onde um tsunami provocou um acidente nuclear em 2011.

De 1946 a 1958, os Estados Unidos testaram 67 armas nucleares nas Ilhas Marshall, um conjunto de atóis no Oceano Pacífico que era, então, um território protetorado dos EUA.

Dois dos atóis das Ilhas, Bikini e Enewetak, foram usados ​​como base para os testes, o que causou contaminação ambiental sem precedentes. Os testes também causaram efeitos adversos de longo prazo nos povos nativos do local. Hoje a população das Ilhas é de 75 mil habitantes.

Chernobyl
Testes de armas nucleares nas Ilhas Marshall / Foto: Departamento de Defesa dos EUA

Três armas nucleares foram produzidas e usadas pelos Estados Unidos em 1945. A primeira foi uma arma de plutônio testada em Trinity, Novo México (EUA), em 16 de julho de 1945, e as outras duas foram usadas em ataques às cidades japonesas de Hiroshima (arma de urânio) e Nagasaki (arma de plutônio) em 6 e 9 de agosto do mesmo ano, respectivamente.

O desenvolvimento dessas armas representou o ponto culminante do esforço de guerra denominado Projeto Manhattan. No entanto, mesmo quando a Segunda Guerra Mundial chegou ao fim com a rendição do Japão, o esforço para produzir armas nucleares continuou nos Estados Unidos.

As amostras de solo analisadas pelos pesquisadores revelaram concentrações de substâncias como césio-137, amerício-241, plutônio-238 e plutônio 239,240. Os níveis mais altos de elementos radioativos foram encontrados no Atol de Bikini, e os pesquisadores recomendam que o Atol continue inabitado.

Segundo reportagem da CNN, os habitantes de Bikini foram realocados para outras ilhas em 1946, já que os recursos de água e comida ficaram comprometidos pela radiação.

A presença de isótipos radioativos na Ilha de Runit e no Ato de Enewtak, onde hoje vivem algumas centenas de pessoas, também preocupou os cientistas, e eles recomendaram que os habitantes fossem alertados sobre “qualquer uso da ilha”.

A exposição a altos níveis de radiação pode causar queimaduras e síndrome aguda da radiação, que causa danos ao DNA e a outras estruturas moleculares fundamentais das células. A longo prazo, a radiação pode provocar câncer ou danos cardiovasculares.

A pesquisa foi publicada na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences“.