Pesquisadores do Instituto do Cérebro da Universidade de Queensland (Austrália) usaram microscopia de altíssima resolução para observar a atividade de moléculas-chave em células cerebrais vivas. O resultado, apresentado em artigo na publicação “eLife” e abordado na revista “Cosmos”, revela novos detalhes sobre a formação da memória e as causas da demência.

Frédéric Meunier e Jürgen Götz descobriram que a proteína tau, ligada à doença de Alzheimer, afeta a organização da proteína sinalizadora fyn, cujo papel é fundamental na formação da memória.

LEIA TAMBÉM: Cientistas mapeiam como Alzheimer afeta o cérebro

Segundo Meunier, imagens de moléculas isoladas em células cerebrais vivas permitiram um acesso inédito à organização de proteínas fyn em pequenos nanoaglomerados não detectáveis ​​anteriormente. “Mostramos que a tau controla o nanoaglomerado fyn em dendritos [prolongamentos dos neurônios que atuam na recepção e transmissão de estímulos nervosos], onde ocorre a comunicação entre as células do cérebro”, disse ele.

“Quando a tau sofre mutação, a fyn faz aglomerados anormalmente grandes, alterando assim os sinais nervosos e contribuindo para a disfunção das junções sinápticas entre as células nervosas”, acrescentou.

“Uma das características distintivas da doença de Alzheimer são os emaranhados da proteína tau que se formam dentro das células cerebrais, mas esta é a primeira vez que alguém demonstrou que o nanoaglomerado fyn é afetado pela tau”, disse Götz.