Uma nova pesquisa, realizada por múltiplas universidades, revelou que uma simples infecção de ouvido pode ter impulsionado a extinção dos neandertais.

O estudo foi o primeiro a reconstruir a anatomia dos ouvidos dos neandertais, o que mostrou que esse órgão era muito suscetível a infecções bacterianas.

Os pesquisadores usaram fósseis e uma tecnologia digital 3D avançada chamada  morfometria geométrica para reconstruir o tubo de eustáquio, estrutura que conecta o ouvido médio às vias aéreas superiores, e que equaliza a pressão dentro dos ouvidos.

Então, os cientistas compararam as dimensões do tubo de eustáquio reconstruído às do ouvido dos humanos modernos.

Pesquisas anteriores mostraram que os tubos de eustáquio de crianças humanas são orientados horizontalmente, o que nos faz mais propensos a desenvolver as famosas otites, infecções bacterianas agudas no ouvido médio que são comuns na infância e que normalmente são tratadas com antibióticos.

Por volta dos seis anos de idade, essa estrutura do ouvido começa a ficar mais vertical, o que permite uma melhor drenagem e diminui a ocorrência desse tipo de infecção em crianças mais velhas.

Nesse estudo mais recente, a equipe descobriu que os tubos de eustáquio dos neandertais não se tornavam verticais com a idade, mas continuavam com uma orientação horizontal. Portanto, a pesquisa sugere que a espécie era mais suscetível às infecções bacterianas na vida adulta também.

Essa susceptibilidade a infecções pode ter implicado em taxas de mortalidade mais altas e índices de reprodução mais baixos, em um mundo pré-antibióticos, e tudo isso pode ter levado a um declínio natural na população de neandertais ao longo dos séculos, o que, a longo prazo, preparou o terreno para a eventual extinção da espécie.

“Nossa pesquisa sugere que a extinção da população de neandertais pode ter se dado, em parte, a uma das doenças da infância mais comuns”, diz Anthony S. Pagano, professor assistente do departamento de ciências médicas na Universidade Seton Hall, Nova Jersey, Estados Unidos, e um dos autores da pesquisa.

“Além disso, nosso estudo representa as evidências mais recentes de que os neandertais tinham características anatômicas que apontam para diferenças entre as espécies que os distinguem dos humanos modernos”, diz Pagano.

A pesquisa também teve participação da Faculdade de Medicina SUNY Downstate e da Faculdade de Medicina Icahn do Hospital Mount Sinai, ambas em Nova York, EUA.