A sincronicidade (do grego “syn”, junto, e “chronos”, tempo) é a designação do psicólogo suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) para um princípio que deveria explicar a relação significativa não causal de acontecimentos, a “coincidência significativa” de dois ou mais fatos. Se aceita a hipótese, a adoção de uma função psi – que tornaria possível uma explicação causal – torna-se supérflua. A hipótese foi desenvolvida por Jung num trabalho conjunto com o físico austríaco Wolfgang Pauli (1900-1958).

Jung distingue três categorias de sincronicidade: 1) coincidência de um estado psíquico do observador com um acontecimento objetivo simultâneo, que corresponde ao estado psíquico, sem que se possa pensar em uma relação causal; 2) coincidência de um estado psíquico com um acontecimento exterior correspondente, de que o sujeito não tem conhecimento; 3) coincidência de um estado psíquico com um acontecimento futuro.

(*) O texto aqui reproduzido é um excerto do artigo “As coincidências que desafiam o acaso”, publicado em PLANETA 156, de setembro de 1985

Essas coincidências se compõem de dois aspectos. O primeiro: uma imagem inconsciente torna-se consciente; essas imagens são diretas, isto é, reproduzem diretamente o acontecimento exterior, ou são indiretas, simbolizam o acontecimento. De acordo com Jung, a maior parte das imagens é de natureza arquetípica. A esse tornar-se consciente corresponde o segundo aspecto: o acontecimento exterior.

Com a hipótese da sincronicidade, Jung tenta compreender não apenas manifestações paranormais em sentido estrito, mas também a astrologia e a clarividência. Nas reflexões de Jung a respeito da sincronicidade, conceitos como o “pleroma” gnóstico desempenham também um papel: pleroma significa no gnosticismo o lugar de Deus e de todas as revelações; se se concebe um espaço intermediário, nem psíquico, nem físico, pode-se entender os fenômenos de sincronicidade como uma participação do espiritual e da realidade exterior nos acontecimentos desse mundo intermediário…